03 julho, 2008

A Branca

Muitas vezes sinto falta da minha irmã. E agora, especialmente. É  essa falta que me traz à essas linhas. Sinto falta de ouvir seu ranger de dentes nervosos durante a noite e gritar: Branca! Pára! e ela me responder com um obrigado sonolento.

Sinto a lembrança das noites em que tinha meus pesadelos malucos e que eu a acordava, e então esticavámos as mãos entre as duas camas e nos segurávamos para que eu voltasse a dormir.

Das nossas brincadeiras de escolinha, e do inesquecível momento de alfabetizar a Júlia, senhora que trabalhava na nossa casa e não sabia ler. As brincadeiras de boneca, seu nariz e seus olhos pequenos, seus cabelos lisos, seu jeitinho de falar muitas vezes tão parecido com o meu.

Os dias de favores que ela jamais conseguiu recusar e jamais ocultar o mau humor de não conseguir negá-los.

Sinto falta dos arranca rabos, das roupas alargadas e até do meu boneco preferido que ela cismou ser dela e quebrou.

As vezes penso em ter um filho só, mas quando lembro dos meus irmãos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ju, estou aqui esparanhada na minha cama, com esse corpo cansado me deliciando nas tuas palavras. Virei fan desse teu blog e vou pretendo virar leitora regular.
ate amanha
Alice