30 novembro, 2008

Aniversário

Hoje é aniversário do José Edmar.
E para celebrar tenho certeza que se fartou de uma boa e saborosa comida com sua família linda e de alegria. Ele sempre me pareceu um homem que sabe encontrá-la quando a precisa, a alegria. Tem a voz firme e uma simpatia sem igual. Vejo pequenos detalhes cotidianos dele no Leo, o jeito de misturar a comida no prato e alguns trejeitos na fala. Mas mais do que isso vejo muitos valores belos que sei que saíram de lá.

Que hoje seja um dia da alegria que ele sabe sempre fazer e encontrar e que eu possa abraçar-lo de verdade, em breve.

Saúde, paz...muita, muita coisa boa!!

A Alegria

Sexta a noite. Voltava da escola no metrô que atravessa a cidade, como sempre pessoas cansadas e empacotadas em casacos à minha frente e a voz do motorista do trem se fez ouvir "senhoras e senhores, tem um homem embaixo do trem em Liverpool St, então este é o último trem que vai para o East hoje".

As pessoas aqui se atiram debaixo dos trens.

E é um país sem miseráveis, sem enorme buraco social, sem fome. Mas é uma cidade que as pessoas se atiram debaixo do trem, se esbarram na estação, correm o tempo todo, o tempo todo, sem razão. Acho que correm demais. Saem do metrô e precisam subir correndo as escadas para sair da estação.
Se alguém as informasse que um minuto a mais para subir lhe oferece mais ar e calma talvez elas percebessem que essa sim é uma diferença do TEMPO nessa vida que vale tanto e passa tão depressa.

Quero para o meu futuro o sol do Brasil. Quero a música que vêm dos morros, quero a nossa tragédia e nossa beleza, mas acima de tudo a nossa alegria. Quero passar a passos calmos pelas pessoas, as olhando como pessoas a passar pela vida, ou pelo menos fazer o exercício de tentar. As notando e fazendo assim me notar.

29 novembro, 2008

Casa de amor

Casa cheia. Duas amigas queridas encheram de cores nossa casinha. Tenho agora flores coloridas no cabelo, mesa do café da manhã lotada e muita risada.

Deborah passou por aqui e deixou velas laranjas, papos sobre nossa mente, aromas para a casa e muita alegria.

Dudinha e Nana estão enchendo a casa de risos, sacolas e calor.

Uma delícia.

Como é bom tanto amor tão pertinho.

26 novembro, 2008

Um segundo

Enquanto as pessoas se ocupavam em falar sobre si mesmas, tentando responder à pergunta da professora: "você tem alguma experiência com administração de uma companhia teatral?" E se embrenhavam em um ninho do ego, em que falavam, falavam e não diziam nada, palavras vieram à minha cabeça.

Imagens e sensações. Palavras se desenharam no papel e descreveram a minha vontade de engolir o céu, desenhei poesias por letras que diziam sobre o vento que resseca a garganta quando escancaramos nossa boca apontada ao infinito e matamos a sede de imensidão azul. As escrevi no caderno.

Fui interrompida em meio ao engolir o céu por metáfora por uma colega que dizia, e suas palavras ocuparam, na minha cabeça, o lugar que antes estava o céu a ser engolido: "Na verdade não tenho muita experiência administrativa, mas..."

E o ego voltou a rodar.

Por um segundo fui ao ar, mas rapidamente voltei à Terra.

23 novembro, 2008

Brasileira

Dizem que o que se vê de dentro é sempre muito diferente daquilo que se vê de fora. Sair do Brasil foi uma coisa maravilhosa na minha vida. Não porque eu detesto meu país ou porque queira bancar um discurso de que lá é muito violento e tem pouca possibilidade porque não penso nada disso. Dou graças a deus de ter saído porque isso me fez ter a certeza do regresso.

Estar de fora, e, principalmente, conhecer tantas pessoas de tantos outros lugares do mundo me fez enxergar o quanto somos coloridos, festivos, alegres e quentes. Como nossa expressão cultural é forte, viva e sincera. Fez me dissecar cada trecho do nosso hino e interpretá-lo como palavras de esperança, luta e paz. Somos um país que tem muito de paz e poesia.

Admiro nossa música que é em toda esquina e no nosso corpo, e sim, acredito na mudança de nossas tragédias.

18 novembro, 2008

Gostosura para dividir com o mundo

Gabriel, de novo. O olhar já nos avisa o que nos aguarda.

15 novembro, 2008

Benção

Ela sempre falou muito para mim. De arrepiar me os cabelos do braços, quando aos 16 anos ouvi ao longe, vindo de uma igreja numa cidade do interior em uma Sexta feira da paixão. Em meio à farra adolescente da viagem entre amigas, a música me conectou com algo profundo sobre mim mesma. E assim o é até hoje.

Talvez porque, segundo relatos, minha avó materna a cantava lindamente e sempre, o que faz com que minhas tias e mãe chorem toda vez que ouvem, tamanha é a lembrança. O escolar quando criança a tocava no rádio, todos os dias quando voltava para casa, mas já ali existia algo entre mim e o som. No meu casamento foi cantada linda e emocionadamente pela avó do Leo e fez com que a igreja desabasse em lágrimas e aplausos. E com certeza, e daqui para sempre, porque meu avô materno a coloca bem alta todos os dias as 18h. Ele sempre estará lá, como eu já estou.

Nossa Senhora sempre foi muito presente em meus pensamentos e ainda o é. A figura feminina e sua imensa generosidade é algo que acesso em muitos momentos alegres e medrosos ou doloridos da vida.

Não entro tanto no quesito religião. Mas um dia ainda lerei a bíblia com meu filho, para juntos aprendermos mais sobre as palavras de amor, que Jesus disse e mostrou. Tentando sempre ler as entrelinhas, porque lá reside o sentido, é duro, porque como humanos nos acostumamos ao simples repetir e repetir palavras, que com a repetição se tornam vazias, se perde a entrelinha não existe a ação.

Estou sempre em busca das entrelinhas que me trazem a verdade.

E como todos nós, cristãos, judeus, muçulmanos e ateus estou sempre buscando o amor.

E que Nossa Senhora nos abençoe sempre.

A revelação

O Gabriel saiu há pouco mais de dois meses de uma caixinha quente ( mas essa sim de puro amor). E olha só o que nos revela do sair para fora dela. Nos revela tanto, que só me resta ficar do lado de fora, que seja só para me afogar pelo amor enorme que sinto ao vê-lo sorrir. Obrigado Biel por revelar-me tantas coisas por uma só.


13 novembro, 2008

O abrir

Com tanto amor a caixa fica quente e pede que se saia para os ventos suaves e frescos que lá fora estão a soprar.

Obrigado Mãe, Pai, Pedro, Leo e Rosâni.

O que mais vale da vida é o amor. Ele aquece e redimensiona as dores. É esperança, é carinho, é fortaleza.

É o que faz de uma caixa uma cama quente, um colo macio. É o que faz da vida, vida.

12 novembro, 2008

A caixa

As vezes gostaria de ter uma caixa pequenina que me coubesse dobrada, cabeça entre as pernas, joelho na testa.

Que essa caixa fosse quente e silenciosa e que confortasse os tantos medos da vida. Encolhida no próprio corpo sentiria mais os músculos e ao sair e esticá-los voltaria novamente o frescor de viver.

11 novembro, 2008

Justiça

A minha escola, a partir de Janeiro será no 3mills Studios, mas até lá estamos divididos entre dois espaços. O grupo que ano passado era de manhã (agora todos os do Advanced Course são a tarde) está na sede de Latmer Road, e o meu está em Hackney. Visto que o 3 mills é bem mais próximo de Hackney todos os dois grupos estão morando pra esta banda de cá, e no primeiro dia de aula, o grupo que está em Latmer Road sugeriu que ficassemos metade de um termo em Hackney e depois trocassemos com eles.


Então trocamos. A partir de semana que vem passo a gastar 40 minutos de tube, pouco mais de uma hora de viagem todos os dias.

Meu lado "Polyana" me diz "Ok, você vai ter um bom tempo para ler muito no trem".

09 novembro, 2008

Combinança

Quando olho pessoas na rua vestidas de maneira sóbria eu admiro. As admiro e penso,"tá tentarei ser assim." Mas o que acontece comigo é que não consigo deixar minha galocha de estrelas coloridas sem minha bolsa preta de bolas brancas. E tudo que sempre faço, quase que intuitivamente, é descombinar para combinar. Arriscando sempre com o que provavelmente não daria certo, cores,estampas e sobreposições.

O que eu projeto para mim é a simples distração do que admiro e o que sou de fato é o que me diverte de verdade.

Talvez o que só admiramos mereça status de paisagem.

O elefante

Minha amiga Flávia Fernandes mora em São Paulo. E em São Paulo ela faz suas unhas, uma manicure as faz. Essa manicure, entre uma cuticula e um esmalte, lhe propôs, de forma cotidiana, "você quer comprar um elefante? Estou precisando muito vendê-lo".

Por isso o Teatro tem que se superar sempre porque a vida por si só já é incrível demais.

Voa

Ontem tarde da noite voltava do trabalho. O trem ao chegar em Waterloo mostrava por sua janela os ícones Londrinos, a London Eye, o Big Ben. Por um segundo minha alma voltou em Agosto de 2007, quando eu e Leo descobríamos esse cenário pelo Google Earth, sentados na casa da mãe dele, no Brasil.

Com muita intensidade veio a minha mente a voz do meu pai "é Julietinha isso é Londres" e um misto de dor e prazer se fez em mim. Uma mistura de presente, passado e futuro, uma suspensão entre o tempo e o espaço.

Depois a imagem do antigo apartamento e o primeiro dia nessa cidade. Uma nostalgia da expectativa que já virou passado. A vida passa rápido.

Duas lágrimas caíram e em sincronia cinematográfica com um único e solitário pingo de chuva que desceu o vidro, a minha imagem refletida com lágrimas a descerem pelas bochechas o fizeram três e não somente um.

A vida passa rápido.

07 novembro, 2008

Lado obscuro

Começamos com o trabalho de máscaras. Commedia Del Arte! Ai que delícia. Nosso dark side, desejos obscuros. Um corpo que grita desejos obscuros, carnais e condenados pela igreja...rs...

Uma delícia nos explorarmos assim, em um jogo em que voz e corpo se unem para criar música, contar de forma acentuada sobre nós e ainda ser engraçado.

Amo tudo isso. Bora mergulhar dentro de nós e se divertir com isso.

05 novembro, 2008

Para dividir

Meu tio Duda estava lá e registrou. Um registro informal e resumido, mas lindo e cheio de amor, de um dia muito feliz.

Para dividir é só clicar aqui, e depois "Casamento, 7 de setembro de 2008".

Toda vez que vejo me fortalece. Me traz a beleza.

Criadores

Os nosso ouvidos ouvem o que a nossa mente maluca cria.
Isso é maluco e um estimulo a criar coisas boas.
Porque o que ouvimos se torna o que vemos, e o que vemos passa a ser o que é.

Somos criadores mágicos da nossa própria realidade, e equívocos de toda natureza sempre acontecem. Incrível como tudo se torna real.

04 novembro, 2008

O inferno são os outros

Eu sempre tento o olhar por dentro. E sempre dói, mas para mim sempre é melhor. Tempos dificeis de se criar com pessoas diferentes, que as vezes não se olham tanto. Sua cegueira é benéfica para que eu procure acabar com a minha, sempre presente, à espreita.

Hoje eu só propus uma idéia, pisei fora e vi, como poucas vezes durante o processo criativo o faço. Sempre inerte na criação de Atriz quis ousar ver de fora, me excitei, quis dividir, não era isso.

Rostos fechados em um dia em que eu já havia acordado cinza. Sempre achei que um pouco de azul suaviza o negro, mas o que fazer quando a sua chuva só atrai mais tempestade?

Dormir. Tentar seu próprio azul.

01 novembro, 2008

Surpresa

Hoje pela manhã meu querido amigo Diego enviou me uma agradável surpresa pelo celular. Surpresa que Clarice nos oferece sempre.

"Eu sei criar o silêncio.Ligo o rádio bem alto e de súbito desligo. Silêncio estrelar de lua muda. No silêncio é que ouve-se ruídos. Entre marteladas ouvia-se o silêncio."

E ele me disse ontem durante a aula: "Silêncio é vírgula"

Jamais me esquecerei de Paris



Paris, Maio 2008