31 agosto, 2008

Chuva

Estamos em tempos secos em Belo Horizonte. Momento de lábio rachado, nariz sangrando, bacia de água no quarto. Céu azul e limpo, sol forte, e até confesso perdoar a secura pela beleza dos dias.
Ontem, pela primeira vez em 40 dias de Brasil, foi que vi pingos de água cairem do céu.
Eles vieram juntos com Gabriel, os primeiros caíram suaves e poucos na noite de ontem, quando a Ju entrava em trabalho de parto, e hoje desabou temporal, desses de descerem correntezas de águas pelas ruas, dos postes de luz se apagarem e de muitas das árvores trocarem suas folhas, as deixando ir pela força do vento, perdendo-se na correnteza.
Foi bonito o universo me mandar a exata metafora que percorreu meus olhos e alma quando o vi, de fato, pela primeira vez bem perto de mim, hoje de manhã. No meu colo pude sentir ele respirar com o corpo todo, abrir e fechar os olhos serenos, me embriagar de sua beleza, que é demais. A chuva veio lavar a secura dos tempos. O Gabriel encharcou nossa alma.

30 agosto, 2008

Gabriel!

Há um mês, durante um almoço no restaurante chinês, eu e Ju acertávamos as contas para o Gabriel nascer, as contas e o nosso desejo. E decidimos: ok, então nasce dia 30 de Agosto. E ainda brincamos, "ouviu Biel, dia 30 de agosto".
Ontem, 29, a Ju teve dores durante todo o dia, e as 19h a mãe dela me telefona, "a contração já está de 5 em 5 minutos, 21h vamos para o hospital".
Buscamos o João no trabalho, lanchamos e fomos para maternidade. O João entrou para a sala de parto com a Ju. Nós, todos os tios e os avós ficamos do lado de fora, como pais ansiosos, a andar de um lado para o outro. A espera foi colorida pelo berçário à nossa frente, com um monte de "trouxinhas", todas tão pequeninas, alguns cabeludos, e alguns chorões. Cherinho de bebê, de infância... Então é quando eu, Leo e papai ouvimos um choro diferente dos outros, eu grito "Nasceu!". E sim era ele. Do corredor ouvi. Confirmação foi que me irmão ligou na mesma hora para nos avisar. Nasceu e a plenos pulmões, e parecia que me avisava, "tá vendo tia, cumpri nosso pacto".
Ele é lindo, gordo, enorme!! A Ju teve um parto tranquilo, a enfermeira nos disse que ela estava maravilhosa.
O João nos apresentou ele pelo vidro do berçário. Ele na encubadora, para se acostumar a ausência do calor do útero, a segurar firme o dedo do João, reconhecendo seu pai, João se reconhecendo pai. Ambos se conhecendo e se reconhecendo. Durante todo o tempo em que o vimos ambos se seguravam pela mão.

29 agosto, 2008

O retrato

Meu avô me prometeu para a nova casa (quando a tiver em definitivo) um retrato meu. Estou pequena, aos 2 anos de idade. Com os olhos enormes e a boca pequenina, o cabelo cortado em cuia. Quando vier será um retrato meu, mas não serei eu lá, e sim a casa do meu avô, contendo ele e tudo mais. Um retrato meu que não sou, porque há 25 anos que conta outra história e é cenário de um outro canto especial.

O sapato

Um dia chuvoso. Minha avó não estava satisfeita por fazer o almoço. Saiu para a feira. Aflito com algo, sensação ou presságio, meu avô ainda correu à janela e a gritou pelo nome, e que belo nome, "Amanda! Amanda!". Ela de sombrinha aberta e carrinho de feira na outra mão, deu-se de costas para a janela, pois estava a conversar com uma vizinha. Não ouviu ao chamado do meu avô, ou fingiu que não ouviu, ou não era mesmo para ouvir e partiu. Desceu a rua.
Meu avô, sem ar, terminou de abotoar a camisa, andou pela casa, questionou a uma grande amiga da família ( e uma avó para mim) se não era aquele o dia delas irem juntas à feira e ela disse que não.
Desceu esbaforido pelas escadas, sem entender bem o porquê. Chegou a esquina e procurou ao redor, já sem resposta. Foi quando viu uma mulher a puxar o carrinho de feira com o par de sapatos de minha avó em seu interior.
Me contou tudo isso com as mãos delicadamente a mexer o café após o almoço. Me disse que ali tudo se acabou.
Algo definitivamente se rompeu nesse momento. A roda da vida, e das nossas vidas, mudou a direção.
Normal;
Cinza e doído. Mas ele me contou isso em um lugar em que ainda tem muitas cores e que são coloridas por ele todos os dias, dando um descanso recolhido em tempos invernais, tendo som de chamego e amor. E tenho certeza que ela se orgulha muito disso.
Ele coloriu minha infância sendo um avô e uma avó ao mesmo tempo, com histórias na beira da cama, lições de moral, de vida e de amor. Como estou feliz de vê-lo lá no dia 7, com sua gravata fina, representando tanto amor, e tantos dois para mim, em um corpo tão pequeno, para alma tão gigante.

27 agosto, 2008

Andarilho- Cao Guimarães


Muito me fascina quem se deixa fascinar por imagens, por sons. Que sob seu ponto de vista deixa uma imagem aberta para que coloquemos o nosso. Que no país em que as pessoas são criadas pela televisão em um didatismo extremo, que até nos faz parecer mais burros que somos, ele nos traz algo sem grandes respostas. Em um filme que, para mim, começa com uma pergunta "porque e para onde eles andam?", questão que nos leva a nos perguntarmos se então não estamos nós nos iludindo, achando que andamos em uma direção precisa e objetiva, quando, na verdade a trilha vai ser sempre desconhecida,e nossos objetivos, no fundo, no fundo, incertos.
Cao Guimarães chega com seus filmes aonde quero chegar com meu teatro. É poesia, silêncio inebriante, jogo de imagens, sons, pessoas, fatos não fechados, gente. Foi uma experiência linda ver a pré estréia de Andarilhos, no Usina. Assim como ver seu vídeo de formiguinhas após o carnaval na Tate Mordern em Londres. No dia em que eu e Leo vimos as formiguinhas não sabíamos que era brasileiro, e nos enchemos de orgulho ao sairmos da sala e lermos os créditos na porta.
Vá assistir Andarilhos. Não espere por tramas mirabolantes, por um documentário auto explicativo, deixe-se levar e carregue consigo a experiência.

26 agosto, 2008

Juju

Ela apareceu na minha vida muito de repente. Muito. E veio junto com uma notícia muito alegre e assustadora ao mesmo tempo. Ela veio carregando o amor dentro de si, amor dela e do meu irmão multiplicado e transformado em Gabriel.
Quando tive a notícia de ser titia ainda não conhecia a Juju. Estava longe, do outro lado do oceano. Mas no meu primeiro dia de Brasil tive o prazer de vê-la. Ela e seu barrigão de Gabriel. E me apaixonei. Foi arrebatador. Tanto amor carregado dentro de si, e tanta vida naqueles olhos lindos. Passei amá-la assim, sem nem pensar porquê.
E quando me questionei se meu amor era porque ela gerava um sobrinho, pensei que pode ser sim, mas só uma parte, ou só um facilitador para que eu veja a Ju e a receba no meu coração de um modo tão natural e forte que é melhor não pensar os porquês, essas coisas não tem tantos porquês.
Agora adoro quando a encontro aqui na casa da minha mãe, quando ela dorme no meu quarto eu acordo de manhã me deparando com ela ao lado, nesse estado de graça e com tanta beleza. Adoro quando, domingo passado, nos deitamos eu, ela e minha irmã no quarto da mamãe para ver televisão pela manhã, protelando a preguiça domingueira.
Adoro o bem que ela faz pro meu irmão. E o bem que os dois trouxeram para minha casa ao trazerem o Gabriel.
Ganhei uma irmã. E uma irmã que amo muito mesmo, como que se tivéssemos vivido a infância juntas, ainda que isso seja uma fantasia.
Bom isso, antes tinha uma, agora tenho duas!

Para sair dançando

Essa é para sair dançando. Fico doida para mostrar para os meus colegas europeus!

25 agosto, 2008

Estômago

Que delícia o filme Estômago ! Adoro essas idéias aparentemente simples que se desdobram e se revelam em um roteiro super interessante, comandados por um "puta" ator como o João Miguel. Desculpe a rudeza do palavrão, mas tem horas que só o palavrão para expressar um trabalho tão legal como o dele. Acho ótimo quando o cinema nacional sai das favelas e do sertão. Nada contra essas temáticas, aliás gosto de vários dos filmes rodados nesses cenários, mas é muito bom ver histórias que podem ser contadas em qualquer lugar do mundo, e por qualquer lugar do mundo, produzidas e criadas no Brasil

23 agosto, 2008

Aqueles Dois

Hoje vi um espetáculo que me disse sobre o encontro de duas almas especiais em um deserto de almas sem almas. Não vou me esquecer disso, nem do encontro que eles me proporcionaram, nem dos meus encontros que me fizeram lembrar. O Leo ao lado, amigos nus no palco. A nudez que se pede a um ator, que pode estar de calças ou sem elas.
Achei bonito demais.
Saí com as mãos quentes e os ossos formigando.
"Aqueles Dois", da Luna Lunera foram os condutores dessa experiência gostosa.
Deserto de almas sem almas...duas almas especiais...

22 agosto, 2008

Renovação

O Gabriel, meu sobrinho, está prestes a nascer. A Ju tá com um barrigão enorme, e ele está forte e grande. O médico disse que até semana que vem ela deve estar entrando em trabalho de parto.
O pai é o João.
Eu me lembro que sentia a mesma ansiedade antes do João nascer. Pedi para mamãe adiantar. E acabou que foi adiantado. Acho que o Gabriel também vai se acelerar.

O cheiro das roupinhas do Gabriel é o mesmo das que esperavam a chegada do João guardadas na cômoda, que enchiam minha boca d'água para brincar de bonecas. Hoje as roupinhas do Gabriel enchem minha boca d'água para ter o meu.

Quando o João nasceu matei aula escrevi uma redação. Quando Gabriel nascer vou estar de férias, vou chorar e tentar desabafar algumas palavras.

O laço roxo

Me lembro como se fosse hoje. Aquele laço rechonchudo,de colocar no cabelo. Estava posto sob a mesa da diretoria, as professoras separavam os pacotinhos de surpresinha para a festa junina da escola. Não sei ao certo a minha atitude, mas sei que espreitei em silêncio esse laço. Já era essa Julieta...querendo e mostrando querer coisas;
Sei que a festa junina aconteceu, e jamais esqueceria a alegria que me acometeu ao abrir o pacote de "surpresinha" com aquele enorme laço roxo!! Enorme. Por muitos anos acreditei que havia sido um golpe de sorte do destino, demorei a perceber que era simplesmente o efeito dos meus olhinhos persuasivos e "pidões".

Sempre gostei de laços grandes, usava por muito tempo e sempre, o laço de fita que vinha nas flores. Deitada da minha cama o observava na estante, com um enorme desejo de pendurá-lo no meu cabelo, essa imagem eu também guardo muito forte, a imagem e o sentimento do desejo, talvez começasse a chamá-lo assim por essa época. Ninguém me disse que gostar de laços era coisa de menina, eu simplesmente o era em exagero. Mamãe me chamava de viúva porsina e papai de penélope charmosa. Para mim, sempre uma dose a mais de cada coisa, parece que nasci querendo o a mais.

Estrelas no pé

Ontem ganhei uma linda galocha preta de estrelas coloridas. Presente da mamãe, que está super entusiasmada em me presentear. A galocha é linda, segundo ela para encher minha vida com mais "estrelas!". É ótima para as chuvas de Londres, para colorir a "produção", e controversa para o conservadorismo mineiro. "Gente do céu" tem conservadorismo aqui viu...

20 agosto, 2008

Eu ando pelo mundo

Ainda me lembro do corpo estirado no banco detrás do carro. Eu, aos 20 anos. O bairro Mangabeiras em Belo Horizonte, todo o corpo em ressaca, sabe-se lá se somente de alcool ou se também da busca por mim mesma. E essa música tocou no rádio. Ouvindo, pensei, meu deus! Sou eu! E me emocionei. Foi um encontro, e um primeiro entendimento da minha sensibilidade que desde criança me devora e me fez insana por alguns anos da minha vida.
Ainda sou a que a música canta. Ainda vejo tudo assim, em quadros, em filmes, em cores. Mas agora quando acordo tem alguém ao lado, alguém que vê tudo assim também e deixa tantas pinturas tão calmas.

Matéria

Eu achei que casar fosse também receber várias caixas embrulhadas em casa. Contidas de copos, taças, pratos e panelas. Não chegaram tantas até agora. Apenas algumas dignas de preencher um pequeno canto do armário. Antes de não as receber dizia não fazer questão. Continuo não fazendo. Mas algo fica oco, algo que faz com que eu me pergunte intimamente "em que medida isso é não ser querida?", acho que numa medida quase insignificante, de uma representação material. Mas a pergunta existe.

Doces...

Tenho comido muito mais doce que o normal. E é aquela sequência insuportável de comer e arrepender-se e comer novamente. Queria que minha auto estima superasse esse detalhe e soubesse: ok! Nunca fui gorda! Não vai ser agora.
Mas somos mais complicados que as soluções simples e as frases perfeitas.

cantando para os céus

Essa eu canto com as mãos para os céus. Adoro!

Dia

A melancolia sempre me acompanha. Desabafei para o Leo, "estou melancólica", e ele "porque melancólica?", só pude dizer..."acho que sou assim".
Acho que para a melancolia não tem resposta nem razão por isso é tão melancólica...

Hoje descobri que o céu de Belo Horizonte é sempre azul, desde que cheguei não foi cinza uma só vez. Azul de uma imensidão azulada dessas que dá vontade de beber ou mergulhar de cabeça. Que faz a gente começar a pensar sobre o infinito e o calor de Deus.

Fiz luzes no cabelo. Ninguém notou a diferença. Quis que ficasse discreto e ficou a discrição em si. Nada de diferente, a não ser a escova que alisou ainda mais os fios já finos e lisos. E pensar que isso custou dinheiro...

18 agosto, 2008

Brasil

Saindo de São Paulo fomos abordados por um homem que nos pediu dinheiro para comprar macarrão. Não sei se de fato ele queria comprar macarrão, mas sabemos que muitos pratos dessa especialidade ele não comeu, e que com certeza passa fome. Sua cara suja, os pés descalços e um ar intimidador de quem foi criado na rua. Nos dá medo. O coração aperta e bate forte, faz com que seguremos a alça da bolsa para que nosso míseros pertences não sejam furtados. Como somos pequenos. Assassinos e vítimas. E que país é esse, e que seres somos nós capazes de desumanizarmos outros, olhando como bichos, nos tornando escravos do medo. Nós e os que crescem nas ruas padecem do medo, são medos diferentes, mas somos iguais na constituição do corpo e no medo que temos, porque somos homens ainda que finjamos não ser, as vezes, ou que outros não o são.
Mas ainda assim o amor pelo Brasil é mais forte. Somos seres de esperança e poesia. E por isso que choro ao ver esse vídeo.

17 agosto, 2008

Antunes

Ontem fomos assistir ao espetáculo do Antunes Filho, aqui em São Paulo. Senhora dos Afogados, do meu tão admirado Nelson Rodrigues. Sempre gostei muito desse texto. Adoro as "mãos", e senti falta da atriz percebê-las mais na última cena, dada sua importância.
Adoro esse texto, mas não consegui entender porque os atores o dizem daquela forma, uma forma no seu sentido mais sentido de forma, nos fazem entender cada palavra, a projeção é ótima, mas não se comunica com o corpo e chego a percerber que pode ser isso mesmo, de propósito. Uma proposta de distanciamento que funciona em vários momentos, mas em outros nos distancia totalmente. Eu fiquei com muita aflição, muita mesmo, nossa.
Adoro os silêncios da peça. Adoro. Até porque estão embrenhados das palavras de Nelson. Aí começamos a perceber se há razão para aquela voz que não pertence aos atores e muitas vezes nem ao texto, nos faz não pertencer ao universo proposto e aos atores não pertencerem a si próprios.
As maravilhosas palavras de Nelson se fazem belas e intensas nas imagens, muitas muito boas, e no silêncio dos atores, quando eles falam para si em segredo e se olham em cena em suspensão e nos seguram ao palco por sua presença, no silêncio do encontro consigo, com o personagem e com a verdade disso tudo. O espetáculo se deu nesses momentos e se tivesse sido todo encenado por aí não seria nenhum desrespeito ao Nelson por não verbalizar suas palavras, pelo contrário, continuaria a prestar homenagem, assim como já o fez.

15 agosto, 2008

A beleza em meio ao cimento

Aqui em São Paulo a Flavinha e o Gabriel moram no 13 andar. São Paulo está nublado como sempre. E toda vez que estou aqui minha garganta e meu nariz sentem a poluição. Mas isso não diminui a enorme simpatia que tenho pela cidade, adoro São Paulo. E mais ainda a casinha dos dois em Vila Mariana.
Fato é que hoje ao fim do dia uma enorme borboleta veio voar por sobre a jardineira da janela da sala, deu rasantes, bateu as asas, posou nas florzinhas. Fez com que a Flávia se lembrasse que era dia de regá-las!
Tentou por diversas vezes entrar para a sala, batendo suas asas no vidro da janela. Abrimos uma fresta, mas ela nunca acertava. Voava na jardineira e se perdia por entre os prédios, mas sempre voltava e tentava mais uma vez, insistentemente. Até que por um segundo entrou na sala, nos assustando, entrou e satisfeita saiu muito rápido. Sumiu.
Sabe-se lá porque queria tanto entrar aqui. Mas foi bom vê-la em meio a tanto concreto e janela, e foi bom a Flávia lembrar-se de regar as flores.

12 agosto, 2008

Viver

Vida é ver os olhos do meu avô de 93 anos brilharem frente a tela do computador ao assistir ao concerto de 10 tenores.
Eu estirada na cama ao lado, Leo na poltrona.
Desde o dia em que chegamos no Rio ele havia nos pedido que colocássemos para tocar o dvd que meu tio Eduardo havia lhe dado. No último dia, a noite, colocamos.
Ele, sentado, vidrado, se emocionava, enxugava os olhos e dividia conosco sua enorme satisfação: "isso é lindo demais, não é não?".
Ouvir dizer que saber morrer é saber viver. Saber viver para mim é isso. Me emocionar pelos olhos, vitalidade e sensibilidade do meu avô. São as pequenas enormes coisas da vida.

10 agosto, 2008

O Rio de Janeiro continua lindo















Ir ao Rio é sempre muito especial. Ver aquela mata, aquele mar, sentir a maresia, o sshh dos cariocas, abraçar meu avô, rir da minha madrinha, sentir um clima quente de Brasil, que é belo, intenso, intensamente belo. E desigual.
O Rio é violento, mas o sensacionalismo dos jornais cria um pânico que faz com que alguns não apreciem tantas belezas. É bom ficar esperto, e melhor ainda é saber aproveitar essa cidade que, mesmo diante de tanta tragédia, não perde seu charme, de Ipanema a floresta da Tijuca, passando por Santa Tereza e Lapa.
Lindo de morrer! Talvez ainda queira viver por lá em meio a sua efervescência cultural, em alguns de seus recantos inúmeros - pequenas vilas, casebres ou prédios de poucos andares em ruas arborizadas e frescas.
Na casa do meu avô os miquinhos saltaram próximos à beira da janela, carregando filhotinho nas costas e fazendo barulhinhos gostosos. Foi muito bom rever os quadros do meu avô, tomar vinho com minha prima Paula e encher de beijos a Laurinha.
Sim, saibam os que não sabem, ainda não acabaram com os encantos únicos do Rio de Janeiro, ele continua lindo.

04 agosto, 2008

T.U.

Antes de vir para o Rio(onde agora estou) tive um momento delicioso no Pizza Sur, em BH. Regado a vinho, pizza, e T.U.!! Grazi, Simone, Maju, Saulo, Cássia, Joyce, Inês Linke, Linares, Flavinha Brettas...Delícia. Pessoas com gosto de começo, estrada, descoberta e delícias. Foi especial matar saudade, é especial tê-los como parte do meu caminho, ouvi-los ao lembrarem e comentarem sobre o primeiro beijo meu e do Leo, que eles viram, apoiaram e vibraram, do carinho, das desavenças, das loucuras. Foi noite de gargalhadas, abraços e comoções. Me esbaldei e saí com um anel de borboleta no dedo que a linda Grazi tirou da sua mão e me deu dizendo "isso é para que não se esqueça de mim", nunca Grazi!. Como tenho sorte...