29 janeiro, 2009

Para multidões

Para hoje preciso levar um discurso para a aula. Levarei esse.

28 janeiro, 2009

Grito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Amor eu to morrendo de saudade!!!!
Do seu pijama, do seu cheiro, do seu calor, do seu café da manhã, do seus olhos pequenos olhando ao infinito piscando sem parar.

Sinto falta de você a organizar suas coisas, de observa-lo em silêncio. De me ajudar nos nós dos meus processos criativos, de me dar seu peito que tão perfeitamente encaixa minha cabeça.

Amor, eu to morrendo de saudade! E a minha vontade era gritar todos os palavrões do mundo na tentativa de descrêve-la. Mas nem assim seria suficiente.

Amor, estou morrendo de saudade!!! Morrendo.

27 janeiro, 2009

Nascer

Ouvi uma vez que o lugar em que nascemos é aquele em que passamos a nos ver de uma forma inteligente.

Isso muito me tocou. Primeiro porque tenho incrível resistência em dizer que nasci em Londres. Talvez prefira dizer que a Inglaterra me fez mais brasileira e assim sendo renasci no calor do Rio de Janeiro, como história repetida contada sobre um diferente ângulo, eu mesma da mesma linda mistura, na mesma cidade maravilhosa, mas sob vista diferente. Eu mesma do mesmo porto, vista pelo avesso.

Ou dizer que não somente nasci em Londres porque ele me fez maior, mas também no Lispa. Mais uma vez no palco. Lá. Aqui. Sim.

O nascer e renascer em mim mesma, naquele lugar. Que sempre será o Rio de Janeiro, que sempre será o palco e o colo dos meus pais, com o calor dos meus amigos e irmãos e o aconchego do Leo. Essa sou eu. A brasileira que se fez mais do que isso em uma terra distante, terra essa que por não dizer tanto de mim, mostrou-me tudo que era preciso para entender-me, por ora. Isso é sempre finito porque o não entender-se será sempre infinito. Guimarães Rosa muito tem me alertado sobre isso, mudamos a todo tempo!
Mas o que carregamos, carregamos.

25 janeiro, 2009

Peça

Estou escrevendo minha primeira peça (que ousadia). Ela não fala de borboletas nem de grãos de poeira que são fadas. Mas fala de mim. E se fala de mim falaria deles(as)? Acho que sim.

Consigo por no papel todas as idéias, e é bonito. As palavras são bonitas. O desafio é dramaturgico mesmo. Mas se lá falo do cá, se lá falo da nossa pressa, é hora de entender que nem tudo gira como a cidade que descrevo, muitas vezes as coisas vão em linha reta para depois se curvar. Preciso olhar para a parte de mim que, parada, pensa.E joga flores no caminho.

Em breve, divido a peça. E aí entenderão essas palavras. Fica por ora o gostinho da curiosidade. Aqui divido segredos, e as vezes eles precisam vir segredados. Quer coisa melhor que você entender por si próprio, por sua própria adivinhação?

23 janeiro, 2009

!!!!!



Fala a verdade, tenho ou não que ser uma tia super coruja?? Olha a testa franzida! Ai Biel, sua tia te ama. E te amo também Ju.

22 janeiro, 2009

Hoje eu acordei

"Chuta que é macumba!" E bora lá cantar pra poeira subir. Porque hoje acordei assim. Se você não, escute para contaminar-se.

Solitude

Um simples e inofensivo inseto. Chamaria barata ou grilo, mas não sei qual seu nome ou classificação.

Um simples e inofensivo inseto fez ecoar minha solidão enquanto cozinhava meu jantar.

Um simples e inofensivo inseto pousou ao meu lado no fogão e não poderíamos continuar lado a lado, mas tão menos poderia eu matá-lo, encostá-lo.

Olhei para os lados não havia ninguém. E esse não é o problema. Não havia ninguém e principalmente não haveria ninguém pelas próximas infinitas e longas 100 horas.

Um simples inseto e o fato de eu não querer que convivessemos trouxe a tona a força do estar sozinho.

Deixe-o estar lá. Na cozinha. Posso me virar, mas ser só é ser você, e no quesitos insetos e animais terei que me debater no conflito de que não posso matá-los nem quero tocá-los.

Estou só e já não me importo de sentar a mesa somente comigo e meus inúmeros pensamentos, mas queria alguém para matar insetos. Para estar ali, pelo menos, para me passar o chinelo.

18 janeiro, 2009

Sobre o amor

Tem perigos demais nessa vida, já dizia Guimarães. Tenho aprendido a lidar com esses perigos e como tenho aprendido sobre o amor.
No dia em você foi embora Leo, a casa se tomou de um vazio imenso.A nossa despedida na plataforma do metrô foi uma despedida calma e cheia de esperança, mas foi só virar minhas costas e entrar na plataforma oposta para o retorno pra casa que um vento enorme, vindo do túnel do trem, invadiu o enorme corredor, vazio, num ritmo absoluto de vazio e solidão, ecoado por folhas de papel de um jornal tablóide que voavam entre os bancos.
Então eu senti. Senti quando abri a porta de casa, e tudo era enorme, e tão silencioso. Aquele silêncio que nos confronta com a dor. Chorei. Muito. E como não guardo soluços, gritei.
O dia, que havia amanhecido chuvoso tomou-se por um enorme fog, cinza, totalmente tapado por uma enorme neblina.
Na escola o professor dizia: "No melodrama tudo contribui para o drama do protagonista, a música, o cenário", e lá estava eu em um dia absolutamente cinza, em uma atmosfera de filme de terror, protagonizando minha primeria solidão. E lá estava a natureza, mais uma vez unida a mim, criando o perfeito cenário para o meu drama. Faltou a trilha.
Mas aí você chegou no Rio de Janeiro, na casa do meu avô, que com 93 anos mora sozinho. Não está temporariamente sozinho como eu, ele mora mesmo só.
Meu avô remoçou vinte anos durante os poucos dias da visita, que fez com que ele buscasse livros pela casa, contasse casos, reanimasse seus dizeres biblícos. Nesses dias ele atendia o telefone com certo entusiasmo que me comovia e fazia feliz.
Sim, aí a ficha começou a cair.
Você foi para Belo Horizonte, reviu sua família, e eles puderam te rever. Faz sol aí no Brasil e é calor. Você por ora parece entediado, mas está feliz.
Sim meu amor. Aprendi sobre o amor. Meu avô foi feliz por você estar lá, e outros aí estão feliz em lhe ter. E fico feliz. E sigo tranquila.
Hoje aqui, faz sol.

16 janeiro, 2009

ventilador

Tudo vai e volta nessa vida, e não foi a toa que escrevi sobre uma cidade redonda...
A história de uma mulher forte, que marcou um momento da minha vida, no encontro de um personagem, de uma vida real, de um filme cujo processo foi tão bonito e me trouxe tantas, tantas belas pessoas, que só tinha mesmo que voltar.

Dessa vez é a homenagem à Gilse Consenza. Vamos contar sua história na escola. Uma inglesa, duas norte americanas, uma chinesa, uma argentina, uma polonesa e eu e Di, brasileirissímos.
Sim, a história de uma forte mulher brasileira, nossa história sendo contada e sabida por pessoas de tantos cantos do mundo. Uma delícia.

As pessoas nos ensinam muito, e a vida ainda mais. Que bom que essa história voltou para mim, um dia a conto aqui.

Também, na minha solidão, aprendi mais sobre o amor. Mas isso é assunto para outro post.
Sei que esse está um pouco vago, mas no fundo, em seu recheio, tá a mensagem e a reflexão do quanto tudo volta, vai e volta, por isso é bom jogar beleza no ar, porque o vento sempre nos traz de volta.

12 janeiro, 2009

Ensaio sobre a cegueira

Hoje vi pela segunda vez o filme Blindness, uma amiga querida fez o convite e não recusei, tarde de sol em Londres, cinema em Leicester Square (gosto muito!),fui!

E que bom que fui. Comprovei novamente que gosto muito, me toca muito, me diz demais...
Algumas falas ficaram ecoando na minha cabeça...Registro aqui o que tá na memória, traduzido...

O Médico diz para sua mulher: Você está com medo de fechar os olhos? E ela responde: Não, estou com medo de abri-los.


"Eles então choraram não se sabe se de alegria ou se de tristeza, a verdade é que não se distingue uma coisa da outra, elas, como branco e preto, coexistem".


E o homem da venda preta diz: A mim não me interessa como é sua aparência. Nosso nome não é importante, o que importa é o que somos.

O primeiro cego diz à sua esposa:Lembra-se do primeiro ano novo que passamos juntos, estava um frio enorme, e quando chegamos perto dos fogos de artifício somente metade do nosso corpo se aqueceu?
E ela, após alguns dias, responde: Me lembro daquele dia, e de que o frio nada me incomodou.

O médico fica infectado da cegueira e sua esposa, que enxergava, beija seus olhos.


E mais uma vez obrigada Uakti.

08 janeiro, 2009

Começamos a trabalhar a tragédia e o épico dramático. Como início de qualquer coisa nos foi proposto uma gigantesca roda, em nosso novo gigante espaço de ensaio, onde cada um ia ao centro e confessava a todos, em alto e bom tom, em quê ele acredita.

Foi um dia lindo, ouvir tantas coisas belas, ouvir pessoas dizendo que acreditam num pôr do sol, no ser humano, na mudança, em fantasmas, e em tantas coisas que...não se sabe por onde começar.

É incrível como nós seres humanos somos capazes de coisas tão belas e crueldades tão amargas. Nessa tarde de confissão do crer, só saíram belezas dos corações do que ali estavam. Um colega, o último, desabafou: Eu creio, eu quero crer que tamanha beleza vista hoje aqui seja posta em ação e que tantos desejos belos sejam da mais profunda e sincera verdade. E é por aí.

Eu disse que creio na força do pensamento e no amor, deixei guardado o segredo das fadas.
E você, em quê acredita?

07 janeiro, 2009

Mais carta a Leo

É já com certa nostalgia que me lembro daquela noite em Belo Horizonte quando entrei em seu carro, e assim que bati a porta lhe disse em um estado eufórico e confuso: Amor, fui convidada para estudar em Londres, o diretor da escola me deu o curso de teatro de graça!
E que você me respondeu sem pensar e com naturalidade: Então vamos para Londres.
Encontramos um Mestrado que unia sua formação com seu gosto e a partir dali você se especializaria, em Londres, em uma area com muitas possibilidades no nosso país. Se especializaria em algo que gerencia cultura, que beneficia a nós feitores diretos de arte e aos outros que devem consumi-la.

Viemos juntos. Minha bolsa foi o que determinou Londres como o destino de um desejo que há muito vinhamos cultivando, pensávamos que seria Paris, mas foi em terras inglesas que desembarcamos. Vivemos a princípio em 20 metros quadrados, e tanto aperto só nos fez ainda mais quentes, mais amorosos. Hoje podemos dizer que vivemos bem, temos uma charmosa casinha, acolhedora como a outra e ainda com a vantagem de acolher amigos, como já o fizemos algumas vezes.

Mas os ciclos aos poucos vão se fechando. E hoje entregaste sua dissertação de Mestrado, fomos juntos levá-la a faculdade, e no canto da página lá estava a dedicatória.

Eu já sabia disso meu amor, e por isso só posso lhe dizer que também vou contigo aonde quer que você vá, esse sempre foi nosso "hino" e essa é só uma das belezas do nosso amor.

05 janeiro, 2009

2009

Ano novo. Novo espaço da escola. Um enorme estúdio de cinema, desses que vemos na tv, tipo de holywood. Um enorme espaço cheio de imensos galpões, precisa de crachá pra entrar, e agora temos cantina e internet!

No caminho do novo espaço, do novo começo, chuva de neve. O vento trazia os flocos brancos ao encontro da face, sequer molhava, sequer senti o frio que tantos ao meu redor diziam sentir. Senti o vento, os passos, os flocos de neve que entravam nos meus olhos e forjavam lágrimas geladas, renovavam o ar, refrescavam o pescoço, aliviavam a alma.

Recomeçamos, pois, do zero mais uma vez. Graças.

01 janeiro, 2009

Parte de mim


Quando voltamos de Londres para o Brasil ano passado, sentados cada um em sua poltrona, suspendíamos o dedo no ar para apertar play no filme que passava na televisão individual à nossa frente. Segurávamos o dedo no ar e como crianças em um "já!" apertávamos o play juntos, para que o mesmo filme se iniciasse e para que estivessemos juntos assistindo à mesma coisa, como se fosse na mesma televisão.

Assim fazemos com tudo, não como uma obsessão, não como uma paixão doentia, mas como um amor gostoso que faz questão de que estejamos juntos nas pequenas coisas da vida também. De manhã você faz o café, a tarde faço o almoço e nos sentamos juntos para comer, paramos nossas leituras para vermos a série de tv, deixamos pra depois o filme que queríamos ver se um dos dois, naquele momento, não poderá. E é natural, é natural um sempre esperar pelo outro, os dois fazerem o esforço pra ser os dois. Desde o nosso primeiro beijo descobrimos que era muito mais divertido assim, então nos encontrávamos todos os dias, e aos poucos nos misturamos em nossos universos, não sem perder nossa individualidade, mas esforçando-nos, sem esforço, para que fossemos realmente parte um do outro.

Passei a saber mais de quadrinhos e cinema, fui ver filmes de super heróis mesmo sem gostar muito. Mas o programa é sempre divertido. A trilogia do Poderoso Chefão , Kieslowisk e tantos outros foi você quem fez a gentileza de me apresentar, e vemos e revemos, você me ajudou a descobrir qual era o meu gosto pelo cinema, pela literatura, hoje tenho meus diretores e escritores favoritos, que juntos dividimos e que você trouxe até mim.

No restaurante a sobremesa dividida e as vezes até a taça de vinho, não por economia mas porque contém a medida certa do nosso gosto.

Nossos passos andam juntos, escolhemos isso, e é uma das coisas mais alegres da minha vida. Tenho certeza que durante esses três meses de você lá e eu cá, não vai ser você lá e eu cá, seremos sempre nós dois.

Já estou pronta para o momento Lost assistido ao mesmo tempo em dois pontos diferentes do Globo.

Já te disse e repito, você é uma das minhas melhores e mais lindas partes.