28 agosto, 2009

Há um vilarejo ali

Encontramos um canto em Laranjeiras. Na rua que sobe e não tem saída, com pracinha no começo e um punhado de prédio igual e tombado pois são bem velhinhos. E por essa razão o apartamento tem o pé direito alto, as janelas largas e os quartos amplos. Tem área de serviço que termina em um punhado de árvores e onde se pendura rede. O canto das cigarras é alto e as janelas se abrem com as duas mãos e com o corpo todo, como as janelas de desenho, antigas. O lugar é de um casal de amigos e logo de cara se vê que foi cuidado e preparado com muito amor. Assim que entramos vi eu e Leo ali ainda que não tenhamos planejado tudo aquilo e muito menos estar ali.
São os caminhos da vida e sua simplicidade e grandeza. Esse lugar combina comigo por isso, é simples, bem simples, mas cheio de janelas para entrar a luz do sol, com ar fresco e novo.O pouso pro repouso do recomeçar.
Quero isso da vida: frutas doces que caem do pé de surpresa na nossa mão, caminhar por caminhos impulsionados pela minha alma, respirando o bom vento e olhando a frente de tudo e todas as convenções, cabendo nelas sempre, e sempre com a minha reserva de esperança de que o céu sempre será mais poderoso que meus pés.

22 agosto, 2009

Infancia

Achei no meio dos meus papéis um diário que minha mãe escreveu quando eu era criança, desde que nasci até os 8 anos de idade. E muito dele me ficou, os cheiros as imagens e as descobertas e um detalhe que para sempre está a martelar na minha imaginação. Ela descreve lá a minha primeira festa junina. Que ao entrar na festa meu corpo inteiro se sacudiu com a música e que eu não sabia se andava ou dançava, fazendo os dois ao mesmo tempo. Ao me deparar com a pista de dança corri frenética para o pé da caixa de som e dançei a noite inteira sem parar, com as mãos na beira da saia a sacudi-la e por muitos momentos a lenvantá-la inteira até a cabeça, numa felicidade e liberdade extrema.
Isso me faz entender tanta coisa.

18 agosto, 2009

Regressar

E então migramos para o sol. Aqui o céu continua azul como sempre. Quente (mesmo no inverno) como sempre. Bagunçado como sempre. E alegre como sempre.

Na chegada champagne, amor, amigas, mãe, pai, família e um bebe lindo que sorri com rosto inteiro e esfrega a cabeça na minha barriga às gargalhadas, é Gabriel meu sobrinho. É bom regressar e é bom saber que meu canto é sob o sol e o amor. Obrigada queridos.

14 agosto, 2009

Sem Nome

E então fui embora de Londres. Carrego tanta coisa. E tanta gente. Não dá pra falar.

03 agosto, 2009

A mudança


Na música de um post abaixo diz: Sabe espantar o tédio, cortar cabelo e nadar no mar...
Não cortei cabelo (esse quero deixar bem grande no momento) mas furei o nariz! Após pesquisar e confirmar de que o buraco fica absolutamente discreto, que após um tempo (até cicatrizar)posso usar o piercing como um brinco que tiro e coloco quando quero e que se eu tirar ele antes desse tempo ele fecha em uma hora, fui lá e pum!
Queria deixar algo marcado em mim do meu lado de fora ao deixar Londres e não faria outra tatuagem, o brinco poderei tirar e por quando eu quiser, assim como voltarei aqui sempre que der.
Foi um choque no princípio, a cara muda um bucado, e é forte, até porque meu nariz é a coisa mais forte no meu rosto mesmo sem brinco.
Como não poderia deixar de ser furei segurando a mão do Leo. Como em tudo aqui, juntos. E pronto! Chego em Minas não só  com uma alma modificada mas também com a aparência e confesso que, passado o choque, estou achando lindo, um acessório e tanto, cheio de personalidade e estilo, e tudo a ver comigo!
É bom mudar.

CIMG8182

01 agosto, 2009

Sutil

Um homem que começa a trabalhar embalsamando cadáveres e a partir dali passa a ver a vida sob uma diferente perspectiva. Da ponte observa salmões que lutam por sobreviver à correnteza e se indaga: para quê trabalhar tão árduo se no fim irá morrer mesmo?

...

O reencontro com o pai, o reconhecimento da face, quando ele está morto. O obrigado que os japoneses muitas vezes dizem em silêncio, o sutil ritual de passar objetos e curvar-se em respeito uns aos outros

E a descoberta: A morte é apenas um portão, ele, o personagem principal, prepara as pessoas para o seu novo nascimento.

Outra descoberta: Quando não se sabia escrever as pessoas entregavam uma pedra para os que amavam, e esse observando o tamanho, a textura e o peso, entendia qual era o sentimento.
Garcia Marquez já havia me contato que as coisas eram apontadas com o dedo quando ainda não tinham nome e agora descubro que uma pedra pode ser muito mais que uma forma.
Essa manhã assistimos "A Partida", filme japônes, ganhador do oscar esse ano.
Pura delicadeza.