29 dezembro, 2009

A Virada

Topei com meu dedo mindinho do pé na quina da parede da loja que trabalho. Quebrei o dedo, que na hora ficou praticamente pendurado pro lado, uma imagem bem grotesca e que eu num ímpeto quase animal voltei pro lugar, no calor da dor e do susto. Mas está quebrado, não tem jeito. Agora é deixar imobilizado por 2 semanas e tomar cuidado.

Como foi o pé esquerdo agora sei que entro definitivamente em 2010 com o PÉ DIREITO. To até desconfiando que foi por isso que aconteceu. Além de ser um grito do meu corpo pedindo um pouco de pausa.

Então que venha a renovação do ano, do ciclo, da vida! Que é bom demais marcar data pra recomeçar e reciclar os pensamentos e a energia.

27 dezembro, 2009

Flutuando

Tenho preguiça do tédio da vida. Ela,sempre se apresentando como uma montanha russsa. Dizemos temer a descida rápida e vertical, ou o minuto anterior a ela, mas a verdade é que quando o carro toca numa direção sempre plana isso aborrece de tal forma a não sentirmos nada a não ser tédio. Uma amiga me disse que o único momento em que ela sente a solidão de fato é quando está vazia de objetivos. Isso me fez pensar na tal linha plana do carrinho da montanha russa, no fim da vida, na velhice e na solidão. A vida é estranha, isso sabemos, porque somos muito estranhos. Adoro o tal segundo antes da descida mas também detesto porque as vezes acho que não cabe mais em mim tanta emoção, e quando penso em ter filhos...ah que medo que dá. Medo do demasiado humano que desejo para ele. E que sei que será.

13 dezembro, 2009

o sol

Tive um sonho lindo.E nele estava minha vó Julieta. Eu balançava os braços como um pássaro subindo em direção aos céus e dizia a mim mesma e ao vento sobre as coisas em que acreditava e logo depois estávamos eu e ela frente a frente e ela me dizia que sabia que eu acreditava na comunhão da natureza e do homem e que ela muito se orgulhava de mim e que nunca iria se esquecer que eu a pedi, um dia, que me explicasse o azul. Depois a via de costas indo embora.
Foi mais ou menos assim porque isso já tem alguns dias. Mas foi bom.
Acordei em um céu azul nessa cidade bonita, e fui trabalhar rodeada de borboletas amarelas que voavam na minha rua.
Alegre. E certa de que ela está bem. E de que a vida é, também, um mistério doce e profundamente belo.

08 dezembro, 2009

Carta aos céus

Como queria que esse blog alcançasse aquela medida do universo infinita aonde vão os que morrem. Como queria acreditar no Paraíso com anjos com cornetas e borboletas coloridas, mas só consigo crer na energia e no pensamento e no amor e na memória.
Vó querida como queria crer em espiritos como fazem os espiritas ou em vida eterna como fazem os católicos. A mim só cabe meu amor por ti. E uma gratidão tão enorme, tão enorme que se é real qualquer uma dessas crenças você já ouviu o meu muito obrigada hoje.
Obrigada por ser minha avó e me proporcionar abraço de vó, doce de vó, casa de vó, presença de vó, quando minhas duas avós de sangue já haviam partido. Obrigada por ser mãe da minha mãe e irmã do meu avô. Ele está um pouco zonzo com sua partida vó. Mas vai ficar bem.
Obrigada pelo nome herdado, pelos brinquedos sonhados, pelos segredos partilhados, por agarrar meu braço quando eu entrava na igreja no dia do meu casamento e dizer emocionada o quanto me amava.
Saiba que sempre te amei e amarei e meus filhos saberão de você e suas belezas fazendo te eterna.
Você não morrerá nunca vó.
E quanto a essa matemática louca de partir no mesmo dia de sua grande amiga, minha vó Amanda, quem é que explica? Mas se alguns desses homens de cá estão certos eu cá estou certa de que escolheram essa data em segredo para se abraçarem novamente. Avós de mesmos netos escolheram o mesmo dia de partida.
Com diferença de 25 anos entre elas, para que não ficássemos tão desolados.
Descanse minha avó, descanse. Que aqui, hoje, o céu e eu choramos de saudade.