28 setembro, 2010

Descobrindo

Daqui do sofá vejo Manuela dormir no seu carrinho. Do meu angulo só vejo seus pequenos pés, um com meia e outro sem, se esticarem durante seu sonho.
Hoje pela primeira vez ela viu a chuva. A levei pra varanda e lá ela arregalou os olhos que brilhavam de encantamento. Assim, encantada, ficou por vários e vários minutos. Nos sentamos lá e em silêncio contemplamos essa descoberta.
Seus silêncios são profundos e preenchidos por um entusiasmo de uma alma que vibra, pulsa, salta aos olhos amendoados e brilhantes. Dizem que ela não enxerga direito, e talvez tenha que acreditar, mas me recuso a dizer que na sua percepção única ela não percebe intensamente todo o mundo ao seu redor. No meu colo passeia pela casa e observa cada detalhe atentamente,muitas vezes isso a faz parar de chorar, querer peito ou soluçar, e em seu quarto, ah em seu quarto ela se entrega, sente cada coisa com o corpo todo, guiado por um olhar que não pára e não perde nada, cada presente, cada detalhe e lá é o melhor lugar que quer estar.
Manuela começa a viver e já vive com todos seus sentidos.
E eu, eu vivo junto, revivo com ela, renasço.

11 setembro, 2010

Breve relato

Lá se iam meses sem chuva nessa cidade. Quando na madrugada do dia 8 de setembro abrimos a janela e o cheiro de mato molhado invadiu a sala. Entre uma contração e outra sorri, eu e Leo nos abraçamos.
Foram 6 horas em casa, com dores, no chuveiro, escorada na parede recebendo massagens do meu marido lindo. Sentada na bola de pilates meditava, sorria e respirava a cada cólica intensa. Depois foram mais 6 horas no hospital. Na suíte parto, com a presença fundamental de duas mulheres doces doulas, Mariana e Daphne, que massageavam, agarravam minha mão, sussurravam ao meu ouvido, e a constante presença olhar sereno e lindo de Leonardo.
Ás 15h do dia 8 de Setembro de 2010 a linda Manuela veio ao mundo, a cada grito de força que eu soltava seu pai me dizia com a voz doce e baixa: amor, ela ta começando a aparecer, amor, nossa filha, amor, apareceu, nossa filha, amor, ela tá chegando.
E isso me fazia gritar ainda mais, sentindo cada contração uterina, seu corpo descer, o meu se abrir, quando de repente ela saiu e lá estava eu deitada na cama, me joguei da posição de cócoras para o colchão sem saber como, mas lá estava ela, ensanguentada e com seu cordão ainda vibrante a pulsar. Se agarrou ao meu peito após o Leo cortar seu cordão, e por aqui está até agora, mamando sem parar.
Hoje sou a mulher mais feliz do mundo e escreverei ainda um relato mais detalhado, dessa jornada que foi o parto de Manuela, após o qual me tornei plena e babona, me tornei Mãe e eterna.