30 setembro, 2008

30 dias de Biel


Bielzinho hoje se completam 30 dias que você saiu da barriga de sua mãe, em meio ao sangue e ao choro foi carregado pelos médicos e por seu pai. Pelo vidro do berçário  assistimos às suas primeiras horas de vida fora do útero, com os olhos grandes e abertos a segurar o dedo do seu pai e a olhar firmemente para seu rosto. Apresentavam-se ali.

Hoje se completam 30 dias que a Ju, sua mãe, sentiu as dores do parto e foi arrebatada pela grande comoção da sua vida.

O dia em que você fez com que Juliana e João renascessem e se descobrissem pais, e se vissem cobertos de um amor puro e sublime. 30 dias em que você mobilizou duas famílias, que se tornaram uma só, para serem a SUA família, e que ficaram bobos, babões, apaixonados, absolutamente dominados por seu olhar, pelo seu cheiro e pelo seu existir.

Somente 30 dias, que normalmente passam tão rápido. Você verá em breve o quanto a vida voa, e o quanto um mês é quase algo insignificante. Mas não esse um mês que se completa hoje, o primeiro mês seu definitivamente entre nós.

Você ainda não tem cognição, não define as cores nem sabe seus nomes, lhe farão um bolo para cantar parabéns, que você sequer sabe o que significa e sequer vai comer, pois se farta agora é do leite materno. Mas sabe porque vamos fazer festa hoje? Porque é também nosso aniversário. Celebramos hoje um mês com Biel e seus curiosos olhos entre nós. Celebramos o renascer dos seus pais e o nosso também. Celebramos nosso amor por você.

Nesta data querida!!!!

Te amo meu sobrinho, muita saúde, muita, muita felicidade e muitos mas muitos anos de vida!!

Deus te abençoe.

28 setembro, 2008

Pedaço de papel

Um dia, em sala de aula, aqui em Londres, o Thomas nos pediu que sentássemos frente a uma folha de papel presa à mesa. Com os olhos fechados, e um giz preto em cada mão, deveríamos simplesmente deixar as mãos irem, não estipulando um caminho para elas. De olhos fechados e com as duas mãos seguimos o caminho da intuição, que nos leva à lugares não pensados nem estipulados.

...

Eu consegui.

Um borrão imenso e intenso preto na folha de papel, mãos e rosto negros do giz, uma profunda vontade de chorar.

Ao olhar para a folha de papel devíamos nomeá-la. A chamei Silêncio.

Continuo a esperar mais poesias sobre o silêncio ( até agora só recebi coisa linda e de imenso valor). Vai lá no post e responda...

26 setembro, 2008

Imensidão Azul

Hoje em Londres o céu amanheceu de azul profundo. Fomos, eu e Leo, na Oxford Street resolver coisinhas, comprar coisinhas, comemos pizza de Pizza Hut e fomos para o Hyde Park.

Deitados na grama, estendidos sob a imensidão azul recortarda pela planíce verde do parque esticamos nossas mãos, nos agarramos pelo dedo. De óculos escuros pude observar o céu, onde subia ao longe um ponto branco (talvez um balão) e lembrei da minha fantasia infantil de que grãos de poeira sob a luz eram fadas.

Ficamos em silêncio.

E por falar nele, respondam à pergunta que fiz no post abaixo, é importante para mim.

25 setembro, 2008

Respondam para mim

O que é o silêncio? Essa palavra que diz sobre o inicio. Ela é o começo do existir ou fim da ausência? Ou é a ausência nela mesma e mais nada?

Silêncio.

Se algo começa precisava antes ser nulo ou nada? A música se faz através da anulação do silêncio ou o silêncio tá embrenhado na música?

Respondam o que acham. Me ajudem a entender o silêncio. Ou melhor, a pensá-lo.

A gente nunca entende nada nessa vida. A vida não é para entender. É para divagar sobre. 

Digam me sobre o seu silêncio.

Para mim só de começo...deve ser o dia em que fui em sonho ao fundo do mar e abri os olhos com medo.

23 setembro, 2008

Mais caminhos...

"Também no interior do corpo a treva é profunda, e contudo o sangue chega ao coração, o cérebro é cego e pode ver, é surdo e ouve, não tem mãos e alcança, o homem, claro está, é o labirinto de si mesmo."

José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis

ai ai...ficando bebeda dele.

Caminhos

"São assim os labirintos, têm ruas, travessas e becos sem saída, há quem diga que a mais segura maneira de sair deles é ir andando e virando sempre para o mesmo lado, mas isso, como temos obrigação de saber, é contrário à natureza humana".

José Saramago, O ano da Morte de Ricardo Reis

O silêncio

O mar é algo sempre presente nos meus sonhos. As ondas, a ansiedade que gera quando elas se aproximam e precisamos saber o exato momento de prender o ar e mergulhar, sem que ela nos vire ao avesso. Ou a urgência em sair antes que tal onda te alcance. Sempre sonho que tem uma dessas enormes vindo na minha direção. E sempre sonho com o medo que dá o desconhecido profundo universo do mar. Essa noite, no meu sonho, estávamos na praia eu e Leo. A onda vinha, o mergulho era no exato momento em que ela não nos vira. No fundo silencioso da água eu abria, ainda com medo, os meus olhos.

Quando saía para fora, ainda no meio da água que a onda formou a calmaria era total.

O Leo me olhava e dizia, antes aqui nunca vinha onda, agora que já veio vamos para o outro lado da praia. E me levava pela mão.

Havia paz;

There is no Place Like Home

Em verdade Dorothy sempre esteve certa. E é verdade também que casa é uma palavra múltipla em sentidos. Para mim, temos aquela que é dentro de nós, que é nós mesmos. Essa tem todas as cores que pintamos nas paredes, mas as vezes fica um pouco empoeirada, as vezes esfria e aí temos uma ótima outra casa: a do nosso amor. Fundamental para noites frias e sempre boa para pedir uma xícara de açúcar. Temos também o pequeno espaço físico que alugamos ou compramos, e que decoramos externa e fisicamente com as cores e detalhes que em outro plano já existem na que carregamos conosco. Essa também tem nossa cara, e no meu caso é uma junção das cores da minha parede com as do meu Leo. Tem a que é o lugar do mundo que escolhemos viver, ou que estamos a viver por um tempo. E tem o lugar em que nascemos, em que falam nossa língua, em que tudo sempre será casa porque sempre será familiar.

E falando sobre todas essas casas, Dorothy terá sempre razão. Cada qual em sua real medida do nosso coração. Nos ligando sempre ao que nos conecta mais bela e intensamente com a vista das janelas de nossa casinha, aquela que as vezes é empoeirada, de paredes coloridas por nós e que precisa do calor e da xícara de açúcar do vizinho.

Em verdade todos nós carregamos conosco nosso par de sapatinhos vermelhos.

Back in London

Pelas chuvosas e charmosas ruas do Soho, numa tarde de segunda feira, um senhor de idade sai cambaleando de um Pub de esquina, segura-se à porta, estende o braço direito e num folêgo profundo "Hello Guys!!!" pausa "humm Rock'n'Roll!!!!!!!!!!!!!". Ignorado por todos, menos por mim que caí na risada, ele desce a rua pouco se importando.

Estou de volta a Londres

22 setembro, 2008

Casamento: segundo texto sobre



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa noite sonhei que meu casamento durava três dias. Eu ia uma vez e no dia seguinte todo mundo se arrumava de novo, com as mesmas roupas, mudavam um pouco os convidados, outros se repetiam. A beleza era a mesma do dia único que foi na vida real. Acho que estou um pouco confusa com essa idéia de chegar em Londres e ser casa e ter meus amigos, e de chegar no Brasil e ser a mesma coisa ( só que melhor), então casava três vezes por ter talvez várias casas, sei lá, to bem longe de Freud, confesso.

E também porque no dia do casamento a gente fica tão nervosa, tão nervosa, e tão emocionada, tão emocionada que a curtição vêm mesmo depois. Hoje eu não me canso de ver as fotos e elas me trazem a lembrança e a certeza de que tudo foi lindo e perfeito (meu deus! E eu que dizia não crer na perfeição, digo que foi perfeito!).

O lugar, o dia, o céu, a simplicidade, os queridos, a decoração, as lembranças, o Leo, o Leo, o Leo. Adoro ver as fotos e mais ainda ler os comentários que as pessoas têm deixado no orkut. Deixa mesmo gente, que essa troca é boa demais! A cada palavra, a cada imagem, lembro das conversas minhas com o Leo, quando decídiamos como gostaríamos de celebrar nosso amor, e me dá até um frio na espinha de como fomos artistas em cumprir o que queríamos, tão bonito que tudo foi, como diz meu irmão João, "quem viu, viu". Os comentários são os que a gente dizia que gostaria de ouvir quando tudo terminasse. Que ali era um momento de celebração do amor...

Tudo na vida é questão de gosto e de escolha tem os que dão uma festa de casamento (e são super felizes), nós decidimos fazer um casamento, com um sutil agradecimento aos que lá foram, com comida, com doces e com música claro! Quando olho para a foto do quarteto que tocou no salão da igreja vejo o quanto tudo foi sim do nosso jeito!! E que delícia é saber que está sendo o que somos e nada mais...

O Lispa, minha escola, têm me ensinado muito isso "essa sou eu e isso é o que posso dar, nem mais nem menos, mas repleto de amor, sinceridade e generosidade".

Pra finalizar tudo isso que divido nesse momento coloco um comentário que minha tia Wilma fez em uma das fotos no orkut (um dos lindos, lindos, comentários que recebi). E digo que só foi assim porque foi nosso, do nosso amor, com nossos grandes amores.

"foi tudo como na música do Chico Buarque:... talvez num tempo da delicadeza. Onde não diremos nada, nada aconteceu. Apenas seguirei, como encantado, ao lado teu... Os poemas de lembrança eu achei de extrema delicadeza e sensibilidade...."

21 setembro, 2008

Limpeza

No avião da TAM rumo a Londres uma mensagem surge "Senhores passageiros, de acordo com normas britânicas devemos pulverizar a aeronave, o inseticida utilizado é autorizado pelo Ministério da Saúde".

Uma aeromoça em cada corredor, um spray de inseticida em cada mão (4 ao todo!!) passam aspergindo o líquido branco pelo corredor, em todo o avião. Entre as apertadas cadeiras de classe econômica eu e Leo nos abaixamos sem saber se ríamos ou chorávamos, mas rimos.

O avião em pleno ar.

Se rodassem essa cena em um filme o acusaria de preconceituoso com meu país.

Ainda bem que quando cheguei na minha casa em Londres os ratos, que de vez em quando nos visitam e que são presença maciça na cidade, haviam sumido. Quem sabe o inseticida brasileiro deu resultado pra sujeira inglesa...

18 setembro, 2008

Blindness

Há alguns anos li o Ensaio sobre a Cegueira, do José Saramago. Na época tive um breve encontro com ele, no lançamento de seu outro livro Intermitências da Morte, quando ele autografou o meu Ensaio, e quando lhe confessei "li o Evangelho Sobre Jesus Cristo e nunca mais fui a mesma, ele me transformou", ele, na sua simpatia, a me olhar com aqueles olhos que tanto amo, por ver palavras que tanto me transformam, me disse, "ah...então ainda estás a transformar-te", e assinou meu livro.
Sim. Um transformação atrás da outra. O Ensaio Sobre a Cegueira me transformou sim, e quem já leu sabe que é um primor, que sua genialidade de palavras e metáforas nos leva a uma reflexão sem igual sobre nossa condição.
Ontem fui assistir ao filme do Fernando Meirelles e claro que a expectativa era enorme, porque esse cara é outro com grandes olhos. E não me frustrei em absolutamente nada. O filme é de uma qualidade sem igual, com uma fotografia fenomenal, repleto de detalhes da leitura de Fernando sobre o livro que nos tiram o ar. Obrigado Fernando.
Como já havia lido o livro esperava ansiosa por três momentos: o momento final quando ela vê o céu branco e pensa, "fiquei cega", o momento em que as três mulheres se banham na chuva, e, claro, o momento do cão das lágrimas.
Quando vi o cão vindo em direção à mulher que chorava, já me arrepiei, meus olhos se encheram de água. Ai meu Deus, como é lindo esse Saramago, um cão que enxuga as lágrimas da mulher.
De todas as três só a do banho das mulheres não supriu totalmente minha expectativa, ficou para mim abaixo das palavras de José e da força da minha imaginação, mas mesmo assim a trilha do Uakti, perfeita em todo o filme, trouxe para mim sensações similares as que tive quando li a cena.
Palmas quentes e eufóricas para Julianne Moore e Gael Garcia Bernal. Ai é tão bom ver ator bom. Eles estão incríveis (e são ). Ressalvas para Alice Braga que nunca me desce e está sempre mediana em tudo que vejo, parece que não encontra aquela "portinha" em que a gente relaxa, se joga e goza e assim faz todo mundo gozar, como Gael faz lindamente.
O filme acabou e meu choro disparou. Ainda agora tenho vontade de chorar. Quanta beleza. Beleza que não se explica. Ficou no soluço, no engasgo, na nossa cegueira, na nossa dor, na nossa podridão e no nosso amor.

14 setembro, 2008

Casamento: o primeiro texto sobre

"Foi maravilhoso! estava conversando com o vô sobre o seu casamento hoje e ele disse que até o padre ficou maravilhado.Você e o Leo são o amor que existe e que é lindo." Paula Dobbin.

Na manhã do dia 7 de setembro amanheci com os pássaros. Dormi na mesma cama que minha mãe, na casa da Gigi, prima nossa, que nos acolheu com muito carinho.Amanheci com meu véu de noiva estendido à minha frente, e na cidade maravilhosa o céu era repleto de nuvens.

Logo cedo a maquiadora chegou, e começou a arrumar meu cabelo. Repleta de papelotes e grampos no cabelo cantarolei incessantemente, "Santa Clara clareou, clareou...vou pedir Santa Clara para clarear", só depois é que fui descobrir que o Leo cantava exatamente a mesma canção no hotel, conexões da vida que não tento explicar. Conforme cantava o sol ia invadindo a sala, as nuvens se dissipando, e o céu se cobrindo de um azul profundo e lindo.

Ao chegar a igreja estava tudo perfeito, o arco de flores verde e branco, as pétalas, flores e folhas verdes na escada.

Foi tudo mágico e rápido. Entrei na igreja sem conseguir ouvir a música, olhei para cada um dos que ali estavam, e quanta alegria ver tantos queridos naquela manhã de domingo. Jamais me esquecerei das lágrimas da Mariana e da Tiça,que choravam um choro lindo.

O que lembro da entrada da igreja são cores. O casamento foi de manhã, então as pessoas foram coloridas, com vestidos curtos, e coloriram a igreja.

Foi uma cerimônia linda, sincera, leve. Os pajens e a daminha estavam lindos.
Ao sairmos uma chuva de pétalas caiu de cima, e a única coisa de que posso me lembrar foi de uma alegria profunda, profunda.

A recepção não teve projeto decorativo, algumas flores nas mesas, o bolo que escolhi, com os noivinhos que quis. A música foi um quarteto de velhinhos, dois violinos, um violoncelo e um acordeon. Tinha doces, prosecco, e um coquetel com salgados e um buffet de massas.

Meu avô Dobbin, que invadiu o altar durante a cerimônia para dizer ao Leo "seja para ela tudo aquilo que você quer que ela seja para você", estava desnorteado de alegria, e me disse no dia seguinte, "foi o casamento mais alegre que já vi, sem ostentações, simples, agradável e com um encantamento".

Ao andar pelo salão, conhecia cada um dos rostos, senti cada um dos abraços. Todos ali foram ali para celebrar nossa união. Os que viajaram de outra cidade, e os que moravam no bairro ao lado. Consegui reunir todos os meus tios, meus primos. E conseguimos ter os primos do Leo, os tios do Leo e a avó Dalva,que foi na cadeira de rodas e fez com que o Leo num ímpeto de emoção descesse do altar no meio da cerimônia para abraçá-la.

Tinha a avó Maria do Leo, que cantou Ave Maria na benção das alianças, seguida por um sutil coro dos outros convidados e uma salva de palmas repleta de lágrimas e soluços.

Tivemos muitos aplausos, outros vários além do protocolar, e tivemos também meu avô Napoleão que ignorou o fotógrafo oficial e subiu ao altar para tirar a sua foto, da sua camêra.

O choro da Laurinha ao entrar na igreja e se deparar com mais de uma centena de olhos a olharem para ela.

Tive alegria, tive um casamento íntimo. Próximo. Quente.
Só posso dizer que foi único. E que foi nosso. E que foi lindo.
Dizeres da Flavinha, amiga querida.

E que não fomos e nem pretendemos ser nada além do que já somos.

"All you need is love", cantava minha tia Tata querida, enquanto tirávamos fotos.

Consegui a real medida da celebração do nosso amor, do jeito que vejo a vida, sem dar passos maiores que a perna, sem endividar meu pai, sem entrar na roda gigante da indústria do casamento. O meu casamento foi meu. E foi do Leo. E foi de cada um que foi até lá naquela manhã de domingo e levou para casa as poesias que eram as lembranças e, assim espero, um pouco mais de poesia para a vida.

07 setembro, 2008

Para a Pati

Aqui no Rio sao 22h. Amanha eh o casamento e escrevo em um computador sem pontua;ao.Estou na casa de uma prima, que arrumou uma mesa linda de frutas e frios com champagne. Acabo de ler o comentario da Pati no post abaixo e escrevo para te dizer Pati, que amanha entro na igreja com cada uma de voces no cora;ao. A vida segue seu rumo, e como sou aben;oada. Se a vida eh a arte do encontro, embora haja tanto desencontro, sou uma mestre do encontrar e assim vou me encontrando. Como carrego amor na minha alma, nao so o que sinto por tantos encontros mas, principalmente, o que recebo destes e que carregarei para sempre. Te amo Patricia. Te amo.

02 setembro, 2008

Amanhã, 2 de Setembro me caso no civil com o Leo. Amanhã registramos em papel e perante a lei esse amor e essa união. Arnaldo Antunes mais uma vez traduz o que as vezes...o que as vezes é bom ser musicado.