06 fevereiro, 2013

Uma breve história sobre o nascimento de Aurora

Aurora tinha sentido de luz. Tocava nas manhãs. Chegou com calma, recebeu colo de quem, chamada de Helena, se apresentava irmã.
Aurora era sim a luz da manhã, uma luz rara e única, como são os seres recém chegados. Então um fio de luz e um fio de vida rapidamente se revelou. Uma infecção. Um susto. Um temor.
O sussurro e a explicação do que acontecia para Aurora se cantou. Seus dedos pequenos esticados e duvidosos foram amparados com amor.
A mãe que de ser mãe já se sabia, chorou choro de dor. Dor. Choro nunca antes ouvido, ruído que não se sabia, pavor que não se somava a letra, que não tinha sentido.
Aurora em silêncio também chorou, mas em paz devia estar. Ela acabara de chegar, ainda conversava com anjos que boiavam no teto, escondidos por detrás de lampadas hospitalares. Seu corpo chorava, mas sua alma sem dúvida era cuidada e em um silêncio misterioso boas palavras com esses anjinhos trocava.
Uma vez duvidaram da mãe, essa ciência que tanto duvida do que é de gente e de homem. E a mãe em silêncio dizia para si: dentro de mim carrego muitas respostas. Ela, que já descobrira e entendera o choro desconhecido, soube então ser leoa e sabiá, rugir e ao mesmo tempo cantar. E suavemente fingindo não saber que seu coração sabia mais que a ciência da Terra, propôs seu peito como alento.
Com boca devoradora de quem busca sua parte, a parte de si, Aurora mamou. O leite descia e as fartava, a ambas. Os médicos tiveram então que descansar os livros. Apenas ouvir com os olhos.
Então Aurora foi curada. E os tons azuis e rosados, amarelos profundos e belos de um renascer reluziram na palavra ALTA.
Aurora então nasceu.