29 abril, 2009

Ah Gabriel! Você mata a tia!



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25 abril, 2009

O Clown

Em sua última aula do Clown, Steph minha professora, leu um texto de seu mestre de Clown. Tomei a liberdade de traduzi-lo e colocá-lo aqui, para que chegue a outras partes do mundo. É um pouco grande, mas dê a você esse prazer.
"Como parte da humanidade todos nós temos um grande problema em comum: nós vamos morrer, um dia, mais cedo ou mais tarde. Temos também uma capacidade que pode se tornar um grande problema: somos conscientes de nós mesmos o que significa que podemos pensar de forma abstrata e saber como as coisas poderiam ser. Então temos o conceito de perfeição, ordem e sucesso. Nós também sabemos que a maioria dessas coisas nunca vão acontecer, então estamos restringidos pelas limitações da vida. Portanto a perfeição é mais um mito, um ponto de referência. Nós podemos tanto tomar isso negativamente e nos revoltarmos e brigarmos contra os deuses, no Teatro chamamos isso Tragédia. Ou podemos cair e rir disso. A sabedoria do clown é saber cair e aceitar. É uma resposta profunda para o maior problema da morte em todos os seus sentidos. É por isso que o Clown existe. Trata-se de alguém que assume suas próprias limitações, suas tragédias, suas contradições, estupidez,inocência, vulnerabilidade, a dor e suas feridas. E conscientemente brinca com elas. Logo o uso do Clown é para processar com humor a tragédia da vida.
Para mim é essa a essência porque no final nós temos que morrer. Nós teremos problemas, nós teremos dificuldades, é norma, trata-se da vida. A vida é conflito e enganos e algumas feridas são irreversíveis. Nós todos viemos de famílias bem disfuncionais- a maioria das pessoas, e quando percebemos isso você pode dizer 'Oh merda e se eu tivesse um pai melhor, uma mãe melhor!'. Esse é o herói trágico, o ' Oh meu Deus minha vida é uma desgraça porque não aproveitei o suficiente dela!'. Então você pode ser miserável pelo resto da sua vida, e morrer triste e sentido. Ou, e isso é o que o Clown faz, dizer 'Okay, bom, isso é o que aconteceu' e assumi-lo completamente e eventualmente rir disso, e de repente você pode estar vivendo mais feliz com suas feridas que se tornarão cicatrizes e que você pode então pintá-las. Elas nunca vão embora mas transformaram-se em algo maior.
Existe uma profunda verdade nisso: em um nível psicológico as feridas nunca desaparecerão, o que poderia ser nunca será, as cicatrizes permanecem. O herói trágico se mata por essa dor, o Clown dança com ela. E para mim essa é a maior lição do Clown, curar não é tirar a ferida, mas transformá-la, não se trata de remover a cicatriz mas sim de pintá-la. O Clown dança com a ferida. Você não pode mudar sua história, mas pode transforma-la e aproveitá-la. Eu acho que devemos ir ainda além da esperança: o Clown manifesta sua beleza no momento presente. Vida é além esperança. Sim é. Este é o caminho do Clown: fé e comprometimento, fé e comprometimento, e falha, e falha, e deixar que se vá, com prazer, e isso traz mais fé e cometimento, mais e mais numa necessidade profunda".
Giovanni Fusseti

23 abril, 2009

A última classe com Thomas

Essa é nossa última semana de aula com os professores. Última mesmo. No próximo bimestre, e último, seremos nós por nós, ensaiando nossos projetos, sem a presença dos mestres. Segunda foi a última aula com o Thomas, ele, que sempre nos coloca a pergunta sobre nós, que um dia, no Brasil, me cutucou e disse: ei, você, venha para essa viagem comigo.
E tem sido uma viagem profunda e bela, e sentida, assim como fechar seu ciclo. A primeira ponta já se soltou para ser amarrada logo ali, bem perto, e para ficar assim amarrada, fechada, guardada, como ele mesmo disse em sua última aula pelos próximos 30, 60 ou quiçá 100 anos. Referia-se nesse momento ao clown, ao nariz vermelho. Não tivemos até então clown com ele, só com outros dois professores. Mas ele quis encerrar com uma aula de clown. E nos disse no começo:
"Comecei com o nascimento da máscara neutra, e terminarei com a morte do clown."
Sim. Ninguém morreu. Todos sempre nascendo e morrendo. Nos esbofetiamos na cara sem sentir dor (morrendo de rir na verdade) e no final nos atiramos na parede, e morremos. Mas como clown morremos tentando fazer daquele momento o mais alegre, engraçado e delicioso possível para os que ali nos viam falecer.
É a resignação de nós pelo que está ali na frente de nós. É além de nós. Ele nos disse:
Na sua vida daqui pra diante sempre se questione. Quando ali estiver, no palco, fazendo aquilo pra pessoas que você sequer conhece. Porque? Por mim? Por eles? Por nós? Por dinheiro, claro. Mas o que mais?
Ao ver o vídeo sobre a escola no novo site eu lhe escrevi algumas palavras. E acho que elas cabem aqui, eu lhe disse entre outras coisas:
"Agora creio em tantas coisas que fica dificil por em palavras. Não se trata apenas de um senso mais apurado de teatro, de ser agora uma atriz mais instrumentalizada, se isso fosse apenas, seria mais do que suficiente. Mas é muito além, é além de mim mesma. Hoje olho para o céu e sei que faço parte dele. "
Obrigada.

21 abril, 2009

A idéia de mim

Com o nariz vermelho hoje tive que escolher a mim mesma um novo nome, num impulso. Deve ter sido esse um impulso intelectual e que ninguém acreditou quando disse um nome de uma colega, amiga, mas que saltou pela minha boca como verdade: Joana. Acho, honestamente, que é porque é muito próximo do meu. Hoje estava por demais fugindo na idéia de mim mesma, e aí a frustração toma conta.
O Thomas me chamou de volta à cena, disse que meu nome não é Joana. Sim, pois era quase como se eu dissesse Julieta, sons tão parecidos, pessoas me chamam assim na escola porque nos confundem. Forçou me a achar outro, achei e não me convenci.
Ai como me sinto estagnada em minhas travas, eu, que tanto amo jogar me, travei me.
Presa em mim. Somente na idéia.

12 abril, 2009

Renovação

Foi com cupcakes confeitados de cor de rosa e bolo de banana viga delicioso, levados por duas queridas colegas ao nosso ensaio de manhã, que comecei meu dia; o parabéns foi em todas as línguas, alemão, hebraico, espanhol, inglês e português; com muitos, muitos, abraços sinceros e apertados.
Uma das primeiras coisas que vi foi um enorme cartão na mesa do café da manhã, com uma linda declaração de amor do meu marido, que me presenteou durante todo o dia, surpreendendo com alguns em cima da cama, outros embaixo e fazendo do dia mais que especial e divertido.
Meus irmãos e meus pais mais uma vez manifestaram seu amor e quantas palavras belas de tantos amigos.Uma delas mesmo me encontrando de manhã e a noite, enviou me diferentes mensagens declarando seu carinho e os votos de um dia bonito para mim.
A noite muita dança aqui em Londres, e caipirinha e pão de queijo, com alguns colegas de sala.
Um anjo de porcelana de uma amiga especial, e uma carta belíssima de um amigo do coração.
Foi um dia chuvoso, calmo, sereno, e muito, muito alegre. Repleto de amor. Sinto me renovada. Mais velha sim, renovada pela idade. Aliviada pelo ciclo que se fecha, feliz e radiante pelas cores que me cercam.

08 abril, 2009

A resposta. Em lágrimas.

Eu sou o que sou por causa dos meus pais. Ok, você deve estar pensando aí que é a mesma coisa pra você. Mas serei mais específica. Sou atriz porque sou filha do Haroldo e da Izabel. Então sou o que sou, não só o muito que sou em muitas coisas, mas sou o que sou em minha vocação por causa dos pais que tenho. Tenho que confessar, que se tenho um pequeno orgulho do que sou é porque tenho um enorme e escancarado orgulho dos meus pais. E ele é tão imenso. Eles representam para mim muito do que estou sempre buscando e admirando em outras pessoas.
Sou o que sou por causa deles, e basta ler o comentário no post Nariz Vermelho e ver que é de uma mãe falando pra uma filha. E mais do que isso, uma mãe que entende perfeitamente a profissão e a busca dessa filha, respeita, adimira, incentiva e sabe do que está falando. Porque eu só sou o que sou por conta do que eles são, então estamos em casa.
Obrigada Haroldo e Izabel, por me fazer assim lágrimas, riso e palco. E, principalmente, por eu saber hoje que vocês sabem exatamente quem eu sou ( e me respeitam lindamente), sou o resultado de vocês.

05 abril, 2009

O Homem

Nunca é tarde. Descobri o cinema de Domingos de Oliveira, e talvez pudesse dizer que o fiz "tarde demais" mas nunca é tarde demais e estou adorando, de verdade! Ontem vi Separações e no final ele lê um texto, e é tão bonito e especial e em concordância com tantas coisas que penso que quis colocar aqui.


O Homem Lúcido

"O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo
Pode também o Homem Lúcido optar pela vida
Aí então ...
Ele esgotará todas as suas possibilidadades
Ele passeará pelo seu campo aberto pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturaise em idade avançada
cercado pelos seus filhos e pelos seus netos que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido uma aura de bondade
Dir-se a:-Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com Os Homens Lúcidos"

04 abril, 2009

O Nariz vermelho

Todos aqueles olhos a me olhar. Essa exposição sempre me agradou. Mas não necessariamente nessa manhã, quando vestia um vestido de uma criança de seis anos de idade com meias cor de rosa e um belo e grande nariz vermelho na cara. Para tanto não precisava que fossem apenas olhos, como de costume, mas olhos generosos e talvez por isso tenha sido um pouco assustador no começo.
Já na cochia decidi brincar com meu desespero, deixando vir todo o medo, todo o tremor, todos os gritos. Pela primeira vez na vida dei sinal positivo para todas essas coisas, achei que esse seria o caminho.
Se quisesse poderia me colocar ali, aparentemente calma, pés enraizados, coluna ereta olhos serenos. Mas se era pra ser ridículo decidi arriscar o não censurar meu corpo e aquela ansiedade. A primeira reação foi pisar pra trás. Foi curvar o corpo, foi soltar grunidos, foi querer chorar. Até a professora dizer: Aceite.
Foi então que olhei pra aqueles olhos sérios a me olhar em tão ridícula roupa, olhei bem fundo e fiquei ali.
Ela disse, converse conosco em sua lingua, fale em francês.
E foi aí que por uns dez minutos falei e cantei em francês, em uma fluência inacreditavel e non sense, dando conta de amolecer alguns olhos duros, forjar alguns sorrisos, até então inexistentes, e em alguns momentos até algumas gargalhadas, o francês saiu fluente e sem sentido, e me diverti. Me diverti muito, comigo mesma, numa estupidez sem fim. Foi sem pensar. E só senti quando finalmente saí de cena, mas como se tivesse havido um hiato no tempo, uma suspensão em que simplesmente falei todas as bobas palavras em francês que conheço sem saber nem quê nem porquê e sem precisar de tais elementos.
Mas não sei se quero ser palhaço.

empty

Porque tem sempre que ter um momento em que há um vazio? Vazio sem nome, e sem lógica, vazio da imensidão de ser, vazio repleto de coisas, e talvez por tão abundante ser torna-se vazio porque perde seu nome, queria eu poder nomear todas as coisas mas não posso, o vazio sempre me visita e o chamo vazio simplesmente por saber que vazio não é e nome não tem,

02 abril, 2009

A ligação


Minha irmã Branca deu seu celular a meu sobrinho de 7 meses. Isso porque ele adora brincar com seu telefone. De repente ele foi até a agenda, selecionou um nome e ligou. Quando Branca viu que o celular realmente ligava para alguém tirou o aparelho das mãos do meu sobrinho. E olhou para o nome que piscava na tela a chamar: Julieta.
Resolveu falar com a tia que mora longe e que ele só viu poucas vezes, quando seus olhos ainda não separavam sombras de luzes. Mas tenho certeza que ele se lembra do dia em que estávamos a sós no quarto e que eu lhe disse um punhado de coisas, como se ele pudesse entender cada palavra de amor. Fiz isso como uma adulta louca, que acredita que em algum lugar daquela mente tão limpa iria chegar a minha mensagem.
Eis o resultado. Assim que teve em suas mãos um telefone decidiu me ligar pra dizer Oi!
Branca devia ter deixado completar a ligação.
Ela mesma disse: De todas as pessoas da minha agenda, ele escolheu você!
Claro! A vida é assim, podia dizer que foi só coincidencia o meu nome ter estado lá e para por aí. Mas o que é bom é que as coincidências da vida tem uma explicação profunda e pessoal. Encontre a sua.
Eu respondo de cá:
Te amooooo Biel! Muito. E, Alô!

01 abril, 2009

Na hora de dormir

A menina agarrava se ao polegar na hora de dormir, seu corpo dissolvia se e entregava se ao colchão em uma comunhão sincera do corpo que se desfaz, e assim, em silêncio e sem saber, agradecia e fazia sua prece de fé. Superticiosos ou não lá estava seu dedo em figa, sem que nota se ser essa sua intenção.
Distraída agregava ainda mais sorte para sua noite, e para o dia que nascia e a abençoava.