25 abril, 2009

O Clown

Em sua última aula do Clown, Steph minha professora, leu um texto de seu mestre de Clown. Tomei a liberdade de traduzi-lo e colocá-lo aqui, para que chegue a outras partes do mundo. É um pouco grande, mas dê a você esse prazer.
"Como parte da humanidade todos nós temos um grande problema em comum: nós vamos morrer, um dia, mais cedo ou mais tarde. Temos também uma capacidade que pode se tornar um grande problema: somos conscientes de nós mesmos o que significa que podemos pensar de forma abstrata e saber como as coisas poderiam ser. Então temos o conceito de perfeição, ordem e sucesso. Nós também sabemos que a maioria dessas coisas nunca vão acontecer, então estamos restringidos pelas limitações da vida. Portanto a perfeição é mais um mito, um ponto de referência. Nós podemos tanto tomar isso negativamente e nos revoltarmos e brigarmos contra os deuses, no Teatro chamamos isso Tragédia. Ou podemos cair e rir disso. A sabedoria do clown é saber cair e aceitar. É uma resposta profunda para o maior problema da morte em todos os seus sentidos. É por isso que o Clown existe. Trata-se de alguém que assume suas próprias limitações, suas tragédias, suas contradições, estupidez,inocência, vulnerabilidade, a dor e suas feridas. E conscientemente brinca com elas. Logo o uso do Clown é para processar com humor a tragédia da vida.
Para mim é essa a essência porque no final nós temos que morrer. Nós teremos problemas, nós teremos dificuldades, é norma, trata-se da vida. A vida é conflito e enganos e algumas feridas são irreversíveis. Nós todos viemos de famílias bem disfuncionais- a maioria das pessoas, e quando percebemos isso você pode dizer 'Oh merda e se eu tivesse um pai melhor, uma mãe melhor!'. Esse é o herói trágico, o ' Oh meu Deus minha vida é uma desgraça porque não aproveitei o suficiente dela!'. Então você pode ser miserável pelo resto da sua vida, e morrer triste e sentido. Ou, e isso é o que o Clown faz, dizer 'Okay, bom, isso é o que aconteceu' e assumi-lo completamente e eventualmente rir disso, e de repente você pode estar vivendo mais feliz com suas feridas que se tornarão cicatrizes e que você pode então pintá-las. Elas nunca vão embora mas transformaram-se em algo maior.
Existe uma profunda verdade nisso: em um nível psicológico as feridas nunca desaparecerão, o que poderia ser nunca será, as cicatrizes permanecem. O herói trágico se mata por essa dor, o Clown dança com ela. E para mim essa é a maior lição do Clown, curar não é tirar a ferida, mas transformá-la, não se trata de remover a cicatriz mas sim de pintá-la. O Clown dança com a ferida. Você não pode mudar sua história, mas pode transforma-la e aproveitá-la. Eu acho que devemos ir ainda além da esperança: o Clown manifesta sua beleza no momento presente. Vida é além esperança. Sim é. Este é o caminho do Clown: fé e comprometimento, fé e comprometimento, e falha, e falha, e deixar que se vá, com prazer, e isso traz mais fé e cometimento, mais e mais numa necessidade profunda".
Giovanni Fusseti

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei!!! Bjocas da Lu!!! Até breve amiga querida!!!