18 setembro, 2008

Blindness

Há alguns anos li o Ensaio sobre a Cegueira, do José Saramago. Na época tive um breve encontro com ele, no lançamento de seu outro livro Intermitências da Morte, quando ele autografou o meu Ensaio, e quando lhe confessei "li o Evangelho Sobre Jesus Cristo e nunca mais fui a mesma, ele me transformou", ele, na sua simpatia, a me olhar com aqueles olhos que tanto amo, por ver palavras que tanto me transformam, me disse, "ah...então ainda estás a transformar-te", e assinou meu livro.
Sim. Um transformação atrás da outra. O Ensaio Sobre a Cegueira me transformou sim, e quem já leu sabe que é um primor, que sua genialidade de palavras e metáforas nos leva a uma reflexão sem igual sobre nossa condição.
Ontem fui assistir ao filme do Fernando Meirelles e claro que a expectativa era enorme, porque esse cara é outro com grandes olhos. E não me frustrei em absolutamente nada. O filme é de uma qualidade sem igual, com uma fotografia fenomenal, repleto de detalhes da leitura de Fernando sobre o livro que nos tiram o ar. Obrigado Fernando.
Como já havia lido o livro esperava ansiosa por três momentos: o momento final quando ela vê o céu branco e pensa, "fiquei cega", o momento em que as três mulheres se banham na chuva, e, claro, o momento do cão das lágrimas.
Quando vi o cão vindo em direção à mulher que chorava, já me arrepiei, meus olhos se encheram de água. Ai meu Deus, como é lindo esse Saramago, um cão que enxuga as lágrimas da mulher.
De todas as três só a do banho das mulheres não supriu totalmente minha expectativa, ficou para mim abaixo das palavras de José e da força da minha imaginação, mas mesmo assim a trilha do Uakti, perfeita em todo o filme, trouxe para mim sensações similares as que tive quando li a cena.
Palmas quentes e eufóricas para Julianne Moore e Gael Garcia Bernal. Ai é tão bom ver ator bom. Eles estão incríveis (e são ). Ressalvas para Alice Braga que nunca me desce e está sempre mediana em tudo que vejo, parece que não encontra aquela "portinha" em que a gente relaxa, se joga e goza e assim faz todo mundo gozar, como Gael faz lindamente.
O filme acabou e meu choro disparou. Ainda agora tenho vontade de chorar. Quanta beleza. Beleza que não se explica. Ficou no soluço, no engasgo, na nossa cegueira, na nossa dor, na nossa podridão e no nosso amor.

Um comentário:

Flávia Tavares disse...

Juliets,
Não vi o filme ainda... louca pra ver.
Mas ai... que vídeo bonito. Chorei.
Me emociono quando vejo as pessoas se emocionando (acho que morro com isso, graças a Deus).
E ver o Saramago se emocionar e dizer que sentiu a mesma alegria que sentiu quando terminou o livro... uau!
Beijos querida!