08 dezembro, 2009

Carta aos céus

Como queria que esse blog alcançasse aquela medida do universo infinita aonde vão os que morrem. Como queria acreditar no Paraíso com anjos com cornetas e borboletas coloridas, mas só consigo crer na energia e no pensamento e no amor e na memória.
Vó querida como queria crer em espiritos como fazem os espiritas ou em vida eterna como fazem os católicos. A mim só cabe meu amor por ti. E uma gratidão tão enorme, tão enorme que se é real qualquer uma dessas crenças você já ouviu o meu muito obrigada hoje.
Obrigada por ser minha avó e me proporcionar abraço de vó, doce de vó, casa de vó, presença de vó, quando minhas duas avós de sangue já haviam partido. Obrigada por ser mãe da minha mãe e irmã do meu avô. Ele está um pouco zonzo com sua partida vó. Mas vai ficar bem.
Obrigada pelo nome herdado, pelos brinquedos sonhados, pelos segredos partilhados, por agarrar meu braço quando eu entrava na igreja no dia do meu casamento e dizer emocionada o quanto me amava.
Saiba que sempre te amei e amarei e meus filhos saberão de você e suas belezas fazendo te eterna.
Você não morrerá nunca vó.
E quanto a essa matemática louca de partir no mesmo dia de sua grande amiga, minha vó Amanda, quem é que explica? Mas se alguns desses homens de cá estão certos eu cá estou certa de que escolheram essa data em segredo para se abraçarem novamente. Avós de mesmos netos escolheram o mesmo dia de partida.
Com diferença de 25 anos entre elas, para que não ficássemos tão desolados.
Descanse minha avó, descanse. Que aqui, hoje, o céu e eu choramos de saudade.

Nenhum comentário: