31 agosto, 2008

Chuva

Estamos em tempos secos em Belo Horizonte. Momento de lábio rachado, nariz sangrando, bacia de água no quarto. Céu azul e limpo, sol forte, e até confesso perdoar a secura pela beleza dos dias.
Ontem, pela primeira vez em 40 dias de Brasil, foi que vi pingos de água cairem do céu.
Eles vieram juntos com Gabriel, os primeiros caíram suaves e poucos na noite de ontem, quando a Ju entrava em trabalho de parto, e hoje desabou temporal, desses de descerem correntezas de águas pelas ruas, dos postes de luz se apagarem e de muitas das árvores trocarem suas folhas, as deixando ir pela força do vento, perdendo-se na correnteza.
Foi bonito o universo me mandar a exata metafora que percorreu meus olhos e alma quando o vi, de fato, pela primeira vez bem perto de mim, hoje de manhã. No meu colo pude sentir ele respirar com o corpo todo, abrir e fechar os olhos serenos, me embriagar de sua beleza, que é demais. A chuva veio lavar a secura dos tempos. O Gabriel encharcou nossa alma.

2 comentários:

Flávia Tavares disse...

E você nos encharca com sua beleza e poesia ao expressar sentimentos em palavras...

Anônimo disse...

Que linda descrição de sentimentos...
Que linda comparação...
Que linda metáfora!
Amo vc!
Amo o Gabriel!
Bjoo