Não consigo entender porque um padre decidiu subir aos céus preso por mil balões de gás hélio. É trágico ( e previsivel) seu desaparecimento, mas não deixa de ter certa cor nessa terrível tragédia, em que um homem tenta voar preso a balões.Esse fato poderia até mesmo virar um poema, e até transcende a poesia de Italo Calvino ao escrever sobre o garoto que nunca mais quis por os pés no chão.
Eu não consigo entender porque membros do exército entregam três inocentes a traficantes. Assim como não entendo tantas barbáries que acontecem no Brasil. Não consigo mas entendo. Quando penso em um contexto social, que tem uma raiz complexa e um final aparentemente sem solução. Não consigo entender, mas consigo analisar.
Eu não consigo entender o que leva um pai a pegar sua filha, uma criança, e a atirar pela janela. Que com frieza pega uma tesoura e abre a cerca protetora da janela, a segura pelos braços e a atira no ar. A vê espatifar-se.
Aí quando chego a esse nível de não entendimento é melhor parar. É um entendimento que não é tangível, que não encontra desculpas, mea culpas, senso comum. Não dá para entender, enquanto ser humano, o que leva um pai atirar sua própria filha pela janela.
A realidade do padre transcende a poesia do Calvino, a do tráfico e exército é a realidade dura por si só, e a de Isabella Nardoni transcende a condição humana e consegue anular a existência do amor. Seu pai se revela não humano e vira ficção. Ele não dá para entender.
2 comentários:
É um não entender mais que bem entender
Posso entender a decisão do padre de subir aos céus preso por balões. Acho que é exatamente por ter essa poesia de um sonho a se realizar.
Quanto aos demais casos é duro aceitar a que ponto chegou o "embrutecimento" do ser humano. Isso tudo banaliza nossa própria existência.
Take care,
Táta
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