17 junho, 2009

O Porquê

  Sempre estou me questionando pra quem, pra que e por que eu faço teatro, no sentido de qual é a real medida e razão de colocar tudo aquilo no palco, toda aquela emoção ou toda aquela brincadeira. Fizemos uma apresentação aqui em Londres, minha escola abriu as portas e apresentamos alguns dos trabalhos desenvolvidos durante o ano, em diferentes territórios como o melodrama, o clown, o grotesco, o cabaré e a tragédia. E para mim sempre fica a questão rondando a mente, do tipo, e aí? Aquela inexatidão sobre o que chega pra platéia e em que medida isso é importante pra eles, porque pra mim já sei demais o quanto é importante. E então ontem o Thomas, diretor da escola, veio dividir conosco algo muito especial. E divido aqui. Quando acontecem essas respostas é como um suspiro aliviado para mim. Faço teatro pra mim, mas não pode acabar aqui, no meu umbigo, porque aí deixa de ser teatro.
"No sabado um casal de amigos meus vieram da Alemanha com suas duas filhas ver nossa apresentação, uma delas é médica e após a apresentação ela parecia triste e calada, logo pensei, ai meu deus, será que a apresentação foi assim tão ruim. Chegando em casa notei que ela foi conversar com a mãe por uns minutos e aí comecei a ficar ainda mais ansioso com essa situação. Até que na mesa do jantar ela decidiu falar comigo, e começou 'Thomas, estou bem pensativa e um pouco triste, e é por causa de hoje a noite', aí gelei, ai meu deus! Foi então que ela continuou 'na minha profissão acho que as vezes as coisas ficam tão secas e frias e hoje me emocionou profundamente ver pessoas tão vivas, a partir de agora percebo que se eu conseguir levar metade dessa vivacidade para meu ofício de médica já estou feliz.' Então divido isso com vocês, porque talvez vocês não saibam a dimensão do que afetam na vida das pessoas, não importa sobre o quê estejam falando ali, mas principalmente pela forma que o fazem".

CIMG7744CIMG7806

CIMG7826

Um comentário:

Aurora disse...

linda. te amo, ponto.