05 maio, 2010

Ofício

Lembro me sempre da última noite junto aos colegas de escola em Londres. Que a cada abraço carinhoso, além de um adeus recebi vários estimulos elogiosos ao meu trabalho de atriz, todos eles muito empolgantes. Vários mesmo, praticamente todos que me abraçaram tinha algo elogioso a dizer sobre meu trabalho de atriz. Isso dá confiança, né? Mas uma pessoa me marcou, foi o Steve. Ele me pegou pelo braço e disse: você tem que ser vista!

Hoje, após Londres, estou aqui escrevendo um projeto, para quem sabe ser aprovado e quem sabe ter a verba para o espetáculo. Essa ausência de rotina e salário, o produtor que ligou pediu foto e desapareceu, a produtora que mandou email pediu material em vídeo e sumiu, os agentes que sequer leram meu email. Ligo a televisão e vejo uma maioria de trabalhos mediocres, a desligo. E volto aos meus projetos, lentos, mas amados.
A frase do Steve é o motor. O motor dessa profissão tão incerta que tanta gente vê tanto como uma não profissão. "Eu tenho que ser vista". E mais do que isso tenho que fazer e dizer. Essa é minha vocação. Então, a frase besta do colega é a luz lá no fim, desse ócio estranho e por ora estagnado e mais uma vez traz as angústias de um dia ter feito a escolha: sou atriz; e agora?

Um comentário:

Mariana Câmara disse...

E agora Juli? pois é, triste feliz vida que temos, não? mas vai rolar...pode crer que vai!