29 junho, 2008

A dificuldade do descontrole

Essa coisa de vencer você mesmo é bem dura. Ao contrário dos meus colegas de sala que se apavoram por terem que apresentar três minutos de um solo na frente de todos, eu me desespero por ter que apresentar 30 movimentos acrobáticos na frente de todos.
A batalha, que também pode ser chamada de novela, já está durando 7 meses, desde o início do curso, mas ganhou corpo de gigante nas últimas semanas.
Machuquei o dedão do pé, criei rotina de treino diário, chorei, chorei, chorei. E na última aula decidi dobrar a carga e fiz duas sessões seguidas. Deixei minhas pernas flutuarem sobre minha cabeça, entregue aos anjos, perdida no desequilibrio, no descontrole que é totalmente controlado. Foi lindo, repeti dez vezes.
Hoje,domingo, voltei à escola para treinar, corpo exausto ( fui a uma festa e dormi às 4 da madrugada), e não rolou. Achei que tivesse feito as pazes com o colchão, com o chão e com o medo, mas não deu. O soluço tomou conta de tudo, vontade de gritar e de explodir, nunca fui tão Clarice no não caber em mim mesma.
Estou na cama. Vou dormir tudo o que meu corpo precisa dormir, e depois ir ao parque aqui perto, tentar entregar-me ao equilibrio do descontrole novamente, pra ter o gozo de vencer a mim mesma e entender-me ao avesso, preciso dar-me esse direito.

Um comentário:

Leonardo OCunha disse...

Este blog promete.
Poesia e sentimento.
Que o mundo aproveite...