29 junho, 2008

Mergulho

Meu processo de imersão em mim mesma continua intenso. Essa coisa de ser atriz é muita coisa, e ao mesmo tempo para mim não dava pra ser outra coisa.

No dia em que descobri que era no palco o meu lugar decidi que tenho que ficar, mesmo que para isso signifique estar em contato com tantos fantasmas meus.

Isso de todo modo era inevitável porque eu sinto demais. E o palco acaba sendo o lugar pra dar vazão a tudo isso. E é tanto, é tanto, que me falta o ar as vezes. Tanto que as vezes fico com a impressão de que esse tanto vai se figurar em algo concreto e saltar pela garganta. Muitas vezes o sinto subir pelo estômago, pelo peito e se entalar no palato. As vezes grito, muitas vezes choro, mas principalmente me jogo no momento do "agora vai!". No momento em que se diz aqui acaba e agora começa. Pronto, alma escancarada pra verdade, corpo inteiro para a ação, olhos preparados para o jogo e tudo isso junto em conjunto e em comunhão para a diversão.

Ai!! Como amo o que faço! E faço por mim. Primeiro por mim e depois do contato com o outro o faço pelo outro também.

Só assim para justificar essa minha alma sempre em estado de alerta e melancolia, os pés prontos pra correr e o estômago gelado como que segundos antes de um salto no escuro.

Só o meu teatro mesmo para transformar tudo isso, acho que se não encontrasse um ofício que transfigure  a realidade que vejo e sinto não estaria sã. Eu teria explodido.Mas talvez não saiba o que seja ser sã e sã sou eu ao ser o que sou.

Um comentário:

Leonardo OCunha disse...

ô coisa boa!