27 julho, 2009

Lispa


Fazemos teatro, então gostamos do ritual. E como não poderia deixar de ser a despedida da minha turma, no dia em que recebemos o diploma, foi feita com um belíssimo ritual, que os meninos da turma que sucede a nossa preparou. Além de massagens, frutas, de me jogar de uma altura de costas para ser carregada por eles, fiquei com meus colegas de turma, amigos, na beira do canal que tem na escola. Ali começou a chover, chover muito, e a chuva caiu quando os meninos do primeiro ano cantavam "aproveite a chuva", em mais uma dessas sincronias loucas da gente com a natureza. A chuva caia, caia, estávamos com venda nos olhos. Quando recebi uma flor, tirei a venda, e vi todos aqueles que nos ofertavam o ritual a fazer um dos 20 movimentos que aprendemos na escola, o mais bonito deles, o de remar. Joguei a flor no canal, jogamos. A chuva se confundia com as lágrimas, já não as distinguia mais. A paz era profunda. Nessa escola entrei dentro de mim, e me vi. Hoje tenho os mesmos fantasmas, mas dialogo com eles, a gente conversa. Na busca da artista que sou me vi ali, a mulher que sou, ou tenho sido, o que carrego comigo e o que levarei de agora.
Repito palavras de colegas "a mais intensa experiência da minha vida", e arrisco dizer a mais bela.

Um comentário:

LEo disse...

conversar com fantasmas tudo bem, desde que eles não te persigam. ;-)