24 julho, 2009

O deus

Há algum tempo li O Evangelho Segundo Jesus Cristo, do Saramago e ele está sem dúvida entre meus livros favoritos, ainda me lembro dos arrepios e dos olhos ardidos de emoção ao ler tanta poesia sobre a vida e nós, seres humanos, através de um olhar específico sobre a vida de Jesus. Me digo sem religião. Me digo Cristã, porque creio em Cristo. Mas se perguntar me em quê de verdade acredito, entre divagações sobre o universo, nossa conexão com a natureza e um deus indizível que faz parte de nós e da imensidão do céu e das águas, vou dizer-te que acredito nisso. Acredito nas palavras de Saramago, no amor, e na potencialidade da poesia e do modo de olhar vida, para que a pedra nunca seja vista como somente uma pedra, bem diria Adélia Prado. Obrigada Saramago, mais uma vez. Deliciem-se com suas palavras e com nosso deus infinito de amor, que está dentro de nós e é o que nos faz atingir o céu, sendo como parte dele, sem pecados, sem cruz, apenas por essa vida repleta de erros, acertos, dor e amor.Nos condicionamos a sermos pecadores, e ao senso de que na vida é preciso o sofrimento para se afortunar, a jogar pedras aos outros e a nós mesmo e temer terrivelmente o fim, a morte, Deus e o julgamento.Esse culto, daquele ser de luz na cruz, despedaçado e ensanguentado, sempre foi para mim curioso e dolorido por demais. Cultivo sua imagem de amor, do pão repartido, do sorriso e da doação. Do amor e do perdão. Das feridas que curou, e assim cultivo minhas feridas não como penitência, mas apenas como calos do caminho. A vida é maior que tudo e pecar sem sofrer é fundamental, desde que haja amor sobre todas as coisas.

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