Pina Bausch morreu. Acabo de ler a notícia e me engasguei.Descobriu um cancêr há cinco dias e não permitiu que ele a matasse aos poucos, em toda sua intensidade de vida assim o fez, assim se foi, de repente. Ainda estou engasgada. Seu corpo se vai mas sua alma cá está perpetuada. De luto estou.
30 junho, 2009
Delícia
Certas coisas me encantam (várias coisas me encantam!) Ah! Londres é verão, faz céu azul, o sol queima, 30 graus! E descobrimos uma floresta perto de casa, com lago e pessoas de biquini tomando sol, hoje foi dia livre e fomos lá, tomamos cerveja em casa, fizemos almoço. Isso também me encanta demais! Estou queimada de sol!!!!!
Enjoy it!
Enjoy it!
28 junho, 2009
Mulheres e a chuva
Ontem aqui caiu uma chuva tropical. Dessas com trovões e quedas de água intensa! Estávamos no meio do ensaio quando ouvimos o barulho dela, forte e musical, e esse som delicioso foi ecoado pelos gritos da minha colega húngara, "ahhh vamos correr na chuva" e foi quando essas 10 mulheres saíram desembestadas na chuva, no pátio interno da escola.
Ríamos não se sabe se de correr, não se sabe se do calor, ou se dos nossos cabelos escorridos na cara e o pés ensopados pelas poças que písavamos euforicamente, correndo e rindo, no calor de 25 graus em Londres tiramos a blusa ficando com o top ou sutiã que usávamos por baixo, dançando, rindo. Lembrei me do ensaio sobre a cegueira do Saramago, o momento em que as mulheres se banham na chuva. Acho que com nossa alegria conseguimos ontem chegar bem perto de sua poesia. Sem dúvida carregarei essa imagem comigo, a do sorriso delas, das gargalhadas, de nós ensopadas. Somente nós no pátio da escola. Nós e a chuva.
Ríamos não se sabe se de correr, não se sabe se do calor, ou se dos nossos cabelos escorridos na cara e o pés ensopados pelas poças que písavamos euforicamente, correndo e rindo, no calor de 25 graus em Londres tiramos a blusa ficando com o top ou sutiã que usávamos por baixo, dançando, rindo. Lembrei me do ensaio sobre a cegueira do Saramago, o momento em que as mulheres se banham na chuva. Acho que com nossa alegria conseguimos ontem chegar bem perto de sua poesia. Sem dúvida carregarei essa imagem comigo, a do sorriso delas, das gargalhadas, de nós ensopadas. Somente nós no pátio da escola. Nós e a chuva.
17 junho, 2009
O Porquê
Sempre estou me questionando pra quem, pra que e por que eu faço teatro, no sentido de qual é a real medida e razão de colocar tudo aquilo no palco, toda aquela emoção ou toda aquela brincadeira. Fizemos uma apresentação aqui em Londres, minha escola abriu as portas e apresentamos alguns dos trabalhos desenvolvidos durante o ano, em diferentes territórios como o melodrama, o clown, o grotesco, o cabaré e a tragédia. E para mim sempre fica a questão rondando a mente, do tipo, e aí? Aquela inexatidão sobre o que chega pra platéia e em que medida isso é importante pra eles, porque pra mim já sei demais o quanto é importante. E então ontem o Thomas, diretor da escola, veio dividir conosco algo muito especial. E divido aqui. Quando acontecem essas respostas é como um suspiro aliviado para mim. Faço teatro pra mim, mas não pode acabar aqui, no meu umbigo, porque aí deixa de ser teatro.
"No sabado um casal de amigos meus vieram da Alemanha com suas duas filhas ver nossa apresentação, uma delas é médica e após a apresentação ela parecia triste e calada, logo pensei, ai meu deus, será que a apresentação foi assim tão ruim. Chegando em casa notei que ela foi conversar com a mãe por uns minutos e aí comecei a ficar ainda mais ansioso com essa situação. Até que na mesa do jantar ela decidiu falar comigo, e começou 'Thomas, estou bem pensativa e um pouco triste, e é por causa de hoje a noite', aí gelei, ai meu deus! Foi então que ela continuou 'na minha profissão acho que as vezes as coisas ficam tão secas e frias e hoje me emocionou profundamente ver pessoas tão vivas, a partir de agora percebo que se eu conseguir levar metade dessa vivacidade para meu ofício de médica já estou feliz.' Então divido isso com vocês, porque talvez vocês não saibam a dimensão do que afetam na vida das pessoas, não importa sobre o quê estejam falando ali, mas principalmente pela forma que o fazem".
"No sabado um casal de amigos meus vieram da Alemanha com suas duas filhas ver nossa apresentação, uma delas é médica e após a apresentação ela parecia triste e calada, logo pensei, ai meu deus, será que a apresentação foi assim tão ruim. Chegando em casa notei que ela foi conversar com a mãe por uns minutos e aí comecei a ficar ainda mais ansioso com essa situação. Até que na mesa do jantar ela decidiu falar comigo, e começou 'Thomas, estou bem pensativa e um pouco triste, e é por causa de hoje a noite', aí gelei, ai meu deus! Foi então que ela continuou 'na minha profissão acho que as vezes as coisas ficam tão secas e frias e hoje me emocionou profundamente ver pessoas tão vivas, a partir de agora percebo que se eu conseguir levar metade dessa vivacidade para meu ofício de médica já estou feliz.' Então divido isso com vocês, porque talvez vocês não saibam a dimensão do que afetam na vida das pessoas, não importa sobre o quê estejam falando ali, mas principalmente pela forma que o fazem".
14 junho, 2009
Armas de Jorge
Não tenho inimigos porque não os crio para mim. Sempre descendo a correnteza no fluxo da vida e deixando que o vento carregue as mazelas, tentando trazer comigo o amor, apagar aos poucos a dor, e cobrir cicatrizes com esperança.
E nesse seguir da vida só peço que as energias se renovem, e que os inimigos que não tenho não se criem por si só, de forma independente, e que não existam inimigos que residem em nós, nossos medos, nossa insegurança, nossa incerteza, e que eles não tenham força jamais. Que a energia da generosidade sempre prevaleça sobre a do individualismo e que nossa força prevaleça sobre nosso pânico. E salve Jorge!
Hoje meu coração vai ao Brasil e apresentamos uma cena linda que trabalhamos com muito amor, não sei se é a melhor que já fiz, mas sem dúvida a melhor que deu pra fazer.
E Salve Jorge!!!!
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por nós.
E nesse seguir da vida só peço que as energias se renovem, e que os inimigos que não tenho não se criem por si só, de forma independente, e que não existam inimigos que residem em nós, nossos medos, nossa insegurança, nossa incerteza, e que eles não tenham força jamais. Que a energia da generosidade sempre prevaleça sobre a do individualismo e que nossa força prevaleça sobre nosso pânico. E salve Jorge!
Hoje meu coração vai ao Brasil e apresentamos uma cena linda que trabalhamos com muito amor, não sei se é a melhor que já fiz, mas sem dúvida a melhor que deu pra fazer.
E Salve Jorge!!!!
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por nós.
03 junho, 2009
Para meu avô Napoleão
Querido avô paterno da minha infância ao seu lado lembro me do cheiro de um pé de caju, de alguns quadros em um corredor de sua casa no recreio e de cachorros grandes. Lembro de papai noel em dia de natal, barba grande, dirigindo. Sempre lembro me de você a tirar fotos e a tocar gaita.
Então tivemos um hiato no tempo. Cresci sem você. Seu amor por uma outra pessoa não foi compátivel com a harmonia e o amor de sua família, são as escolhas da vida.
Passei 8 anos sem lhe ver. Quando nos encontramos no meu aniversário de 18 anos fomos juntos almoçar, e jamais me esquecerei do seu olhar ao dizer me espantado, "18 anos?!! Meu Deus! E eu não lhe vir crescer...você era tão apegada a mim quando criança!" Isso seguido de um silêncio.
Sim vô, isso doeu, mas confortou pois ali estávamos novamente.
A semente da discórdia se afastou depois de um tempo. Mas não sem antes deixar seu rastro. Muitas cartas foram divulgadas, a intimidade de tias lindas e amadas escancaradas, atos cruéis foram feitos de forma inexplicável, mas seus três filhos permaneceram unidos, por amor e por amizade, e aos poucos se uniram ainda mais a você. Recuperando o folêgo de longos anos de uma discórdia semeada por alguém de fora, um alienigena, a quem o senhor chamou companheira.
Então o vento sacudiu a poeira, e de repente a relação da discórdia desaparecia aos poucos, ainda que em vultos as vezes aparecendo por sua casa e em sua conta bancária.
Mas então pude assistir a Kieslowski com você e ver te emocionar com a trilha do filme tantas vezes já ouvida. Te apresentei o amor da minha vida, Leo. Te vi na primeira fila do teatro na minha noite de estréia e ouvi da sua sábia boca, que havia encontrado meu caminho.
Vi um pai carinhoso com o filho, chamando-lhe de filhinho e a bater palmas de excitação ao ver-me.
Sei dos seus filmes catalogados, da sua organização extrema, do seu mundo, do seu canto e da sua solidão.
Então o vento da discórdia soprou mais uma vez. Sorrateiro como só ele pode ser. O "Deus" da manipulação e da cegueira. Onde tudo ganha carga dramática pesada. E você está aí, fora da sua casa. Seus filmes raros e catalogados ainda lá estão no seu canto, no canto que recentemente você disse que só sairia de lá morto.
Vivo está, mas sem dúvida com uma velhice que será acelerada depois disso. Sei dos que estão colocando amor em tudo isso, e é nisso que aposto Vô.
Em breve morarei no Rio e espero ver todas suas coisas no canto que será escolhido para você.
E lá sentaremos todos juntos, nós, seus netos, seus bisnetos e seus três filhos. Fazendo firme barreira para o vento da discórdia que em dramáticas palavras egoístas, cartas, emails e maldades se faz sentir. A ele não sinto nem estremeço. E assim sigamos todos nós, esses que, sim, são parte de ti.
Espero que tenha tido tempo de pôr sua gaita na bolsa.
Te amo meu avô e em breve estou aí.
Então tivemos um hiato no tempo. Cresci sem você. Seu amor por uma outra pessoa não foi compátivel com a harmonia e o amor de sua família, são as escolhas da vida.
Passei 8 anos sem lhe ver. Quando nos encontramos no meu aniversário de 18 anos fomos juntos almoçar, e jamais me esquecerei do seu olhar ao dizer me espantado, "18 anos?!! Meu Deus! E eu não lhe vir crescer...você era tão apegada a mim quando criança!" Isso seguido de um silêncio.
Sim vô, isso doeu, mas confortou pois ali estávamos novamente.
A semente da discórdia se afastou depois de um tempo. Mas não sem antes deixar seu rastro. Muitas cartas foram divulgadas, a intimidade de tias lindas e amadas escancaradas, atos cruéis foram feitos de forma inexplicável, mas seus três filhos permaneceram unidos, por amor e por amizade, e aos poucos se uniram ainda mais a você. Recuperando o folêgo de longos anos de uma discórdia semeada por alguém de fora, um alienigena, a quem o senhor chamou companheira.
Então o vento sacudiu a poeira, e de repente a relação da discórdia desaparecia aos poucos, ainda que em vultos as vezes aparecendo por sua casa e em sua conta bancária.
Mas então pude assistir a Kieslowski com você e ver te emocionar com a trilha do filme tantas vezes já ouvida. Te apresentei o amor da minha vida, Leo. Te vi na primeira fila do teatro na minha noite de estréia e ouvi da sua sábia boca, que havia encontrado meu caminho.
Vi um pai carinhoso com o filho, chamando-lhe de filhinho e a bater palmas de excitação ao ver-me.
Sei dos seus filmes catalogados, da sua organização extrema, do seu mundo, do seu canto e da sua solidão.
Então o vento da discórdia soprou mais uma vez. Sorrateiro como só ele pode ser. O "Deus" da manipulação e da cegueira. Onde tudo ganha carga dramática pesada. E você está aí, fora da sua casa. Seus filmes raros e catalogados ainda lá estão no seu canto, no canto que recentemente você disse que só sairia de lá morto.
Vivo está, mas sem dúvida com uma velhice que será acelerada depois disso. Sei dos que estão colocando amor em tudo isso, e é nisso que aposto Vô.
Em breve morarei no Rio e espero ver todas suas coisas no canto que será escolhido para você.
E lá sentaremos todos juntos, nós, seus netos, seus bisnetos e seus três filhos. Fazendo firme barreira para o vento da discórdia que em dramáticas palavras egoístas, cartas, emails e maldades se faz sentir. A ele não sinto nem estremeço. E assim sigamos todos nós, esses que, sim, são parte de ti.
Espero que tenha tido tempo de pôr sua gaita na bolsa.
Te amo meu avô e em breve estou aí.
01 junho, 2009
A volta que o tempo me deu
Depois de uma linda viagem para a Turquia, que comento depois aqui, retornei a Londres e me deparei com um turbilhão de coisas. A escola a todo vapor, encerrando-se, muitas cenas para ensaiar e apresentar engrenando de imediato nos projetos individuais (frio na barriga!) e aí, pronto. Acabou. Estava com passagens compradas pra Ibiza e com muita dor tive que perder. Estou sem tempo, o tempo deu a volta em mim. Londres está velozmente chegando ao fim, toda essa intensidade desses dois anos decidiu acelerar-se e me encontro em um ritmo frenético, finalizando coisas, com a cabeça no presente e a alma um passo no futuro, no calor sufocante e no ceu azul intenso do Brasil.
Minha sogra deixou aqui em casa uma mala para que eu colocasse coisas que ela já pudesse levar pra lá, e ao tirar os livros das estantes e os casacos do armário uma sensação de certeza do tempo se fez muito forte em meu coração. Olhar pro Grande Sertão Veredas que estava lendo lentamente e pensar, não terei tempo de ler isso aqui, terá que ser no Brasil, foi bem forte.
Pouco mais de um mês. De um mês bem intenso de trabalho. E então regressamos. Sinto aperto, porque esse rito de passagem que é a vida precisa nos apertar o peito, mas sinto sim uma alegria enorme de voltar para casa.
Minha sogra deixou aqui em casa uma mala para que eu colocasse coisas que ela já pudesse levar pra lá, e ao tirar os livros das estantes e os casacos do armário uma sensação de certeza do tempo se fez muito forte em meu coração. Olhar pro Grande Sertão Veredas que estava lendo lentamente e pensar, não terei tempo de ler isso aqui, terá que ser no Brasil, foi bem forte.
Pouco mais de um mês. De um mês bem intenso de trabalho. E então regressamos. Sinto aperto, porque esse rito de passagem que é a vida precisa nos apertar o peito, mas sinto sim uma alegria enorme de voltar para casa.
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