29 dezembro, 2009
A Virada
Como foi o pé esquerdo agora sei que entro definitivamente em 2010 com o PÉ DIREITO. To até desconfiando que foi por isso que aconteceu. Além de ser um grito do meu corpo pedindo um pouco de pausa.
Então que venha a renovação do ano, do ciclo, da vida! Que é bom demais marcar data pra recomeçar e reciclar os pensamentos e a energia.
27 dezembro, 2009
Flutuando
13 dezembro, 2009
o sol
Foi mais ou menos assim porque isso já tem alguns dias. Mas foi bom.
Acordei em um céu azul nessa cidade bonita, e fui trabalhar rodeada de borboletas amarelas que voavam na minha rua.
Alegre. E certa de que ela está bem. E de que a vida é, também, um mistério doce e profundamente belo.
08 dezembro, 2009
Carta aos céus
Vó querida como queria crer em espiritos como fazem os espiritas ou em vida eterna como fazem os católicos. A mim só cabe meu amor por ti. E uma gratidão tão enorme, tão enorme que se é real qualquer uma dessas crenças você já ouviu o meu muito obrigada hoje.
Obrigada por ser minha avó e me proporcionar abraço de vó, doce de vó, casa de vó, presença de vó, quando minhas duas avós de sangue já haviam partido. Obrigada por ser mãe da minha mãe e irmã do meu avô. Ele está um pouco zonzo com sua partida vó. Mas vai ficar bem.
Obrigada pelo nome herdado, pelos brinquedos sonhados, pelos segredos partilhados, por agarrar meu braço quando eu entrava na igreja no dia do meu casamento e dizer emocionada o quanto me amava.
Saiba que sempre te amei e amarei e meus filhos saberão de você e suas belezas fazendo te eterna.
Você não morrerá nunca vó.
E quanto a essa matemática louca de partir no mesmo dia de sua grande amiga, minha vó Amanda, quem é que explica? Mas se alguns desses homens de cá estão certos eu cá estou certa de que escolheram essa data em segredo para se abraçarem novamente. Avós de mesmos netos escolheram o mesmo dia de partida.
Com diferença de 25 anos entre elas, para que não ficássemos tão desolados.
Descanse minha avó, descanse. Que aqui, hoje, o céu e eu choramos de saudade.
04 dezembro, 2009
27 novembro, 2009
23 novembro, 2009
22 novembro, 2009
17 novembro, 2009
tropeços
Hoje tive um dia de expectativas, e na verdade foi último dia de "folga", comi até dizer chega no almoço e ao fim olhei para o Leo e disse:
Dentro de mim não cabe nem mais um suspiro.
E suspirei.
Involuntariamente.
Talvez;
Adoro quando a gente se revela sem pensar.
Amanhã começa uma nova rotina.
11 novembro, 2009
preciosidades sobre o silêncio
Ives Klein
08 novembro, 2009
volver a los 17
02 novembro, 2009
Feriado de sol!
Feliz. Profundamente feliz. Seria isso pleonasmo? Felicidade já deve ser em si o estado profundo da alegria.
31 outubro, 2009
leves divagações vãs...pra passar o tempo
Hoje coloquei biquíni e vestido pro sol e desci para ir ver o mar, mas quando fui fechar a janela para sair, o céu azul havia se encoberto, e já na minha rua choveu.
Depois o céu abriu de novo; mas já tinha tirado o biquíni. Pelo menos agora tenho o cheiro da chuva e por 2 metros ela me molhou.
28 outubro, 2009
quando o poeta fala de ti
"Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas...
.....
Diviso ao longe um ombro de barranco.
E encolhidos nas areias uns jaburus.
Chego mais perto e estremeço de espírito.
Enxergo a aldeia dos guanás.
Imbico numa lata enferrujada.
Um sabiá me aleluia"
Manoel de Barros. O livro das Ignorãças
O Lírio
25 outubro, 2009
Meu teatro
Para pintar o retrato de um passáro
Primeiro pintar uma gaiola
Com a porta aberta
Pintar depois
Algo de lindo
Algo de Simples
Algo de Belo
Algo de útil
para o pássaro
Depois pendurar a tela numa árvore
Num jardim
Num bosque
ou numa floresta
esconder-se atrás da árvore
sem nada dizer
sem se mexer
Às vezes o pássaro chega logo
mas pode ser também que leve muitos anos
para se decidir
Não perder a esperança
esperar
esperar se preciso durante anos
a pressa ou a lentidão da chegada do pássaro
com o sucesso do quadro
quando o pássaro chegar
se chegar
guardar o mais profundo silêncio
esperar que o pássaro entre na gaiola
e quando já estiver lá dentro
fechar lentamente a porta com o pincel
depois
apagar uma a uma todas as grades
tendo o cuidado de não tocar numa única pena do pássaro
pintar também a folhagem verde e a frescura do vento
a poeira do sol
e o barulho dos insetos pelo capim no calor do verão
e depois esperar que o pássaro queira cantar
se o pássaro não cantar
mau sinal
sinal de que o quadro é ruim
mas se cantar é bom sinal
sinal de que pode assiná-lo
Então você arranca delicadamente uma das penas do pássaro
e escreve seu nome num canto do quadro.
Jacques Prévert
23 outubro, 2009
Manifesto desesperado de uma atriz em pânico
Agora grito aqui, e mesmo estando em silêncio ao redigir tais linhas sinto minha garganta arder porque grito e urro com toda a minha alma:
SOU ATRIZ POR AMOR E POR VOCAÇÃO E POR DESEJO E NÃO O FAÇO POR DINHEIRO MAS PORQUE SE EU NÃO O FIZER NÃO TENHO SALVAÇÃO. NÃO QUERO MAIS VER ESSES PSEUDO ATORES, E NUNCA PENSEI QUE CHEGARIA A TANTO PRECONCEITO. O Rio de Janeiro é uma máquina de fazer da arte um maçaroca capitalista superficial, nojenta e saturada. E tenho dito.
Se você mora no Rio e quer se transformar pelo Teatro, por favor me procure, estou sedenta por isso. E sem dentes brancos e photoshop.
21 outubro, 2009
Conversa com as estrelas
17 outubro, 2009
Lar
Com a vinda da minha sogra surgiu um novo jeito de prender as cortinas. Não sei se foi ela ou meu sogro, sei que agora elas só ficam assim, amarradas uma em cada lado, como numa casa de bonecas, e eu simplesmente me pego a olha-las por algum tempo, em diferentes momentos do dia, adimirando-as. Um simples par de cortinas, mas que aguça meu amor por minha casa. E tão simples coisa me tirou da depressão.Como adoro, amo, tais cortinas brancas, a vista dos telhados e o barulho da chuva. Enfim, me sinto em casa. Novamente.Graças.
09 outubro, 2009
07 outubro, 2009
Missing
30 setembro, 2009
Na voz de Raduan Nassar
Lavoura Arcaica, capítulo final.
29 setembro, 2009
25 setembro, 2009
A pimenta e o sal
Sonho com Londres, e muitas imagens passam pela mente, num processo de digestão de tanta intensidade que ainda não desceu e se espalhou pelo meu corpo, está aqui ainda se esforçando para escorregar pela garganta.
Conversando com Joana minha amiga, que ainda está em Londres, ouvindo Bach e toda sua melancolia as lágrimas não resistiram e caíram, e as mãos levemente sujas de pimenta, porque acabara de cozinhar, esfregaram meus olhos que arderam numa sintonia poética, sentida e...e...
Sei lá.
23 setembro, 2009
volta
De casa nova já posso dizer que ela tem a minha assinatura e do Leo, borboletas na varanda, violeta na sacada e uma porção de detalhes que pularam para o espaço cheios de graça e personalidade quando abrimos hoje as caixas do casamento, neles impresso nosso jeito e o carinho de tantos queridos. A casa está colorida e e cheia de vida.
Estou no caminho do entendimento do tempo e eu dentro dele. Não sei se descubro todos seus mistérios no tempo que terá minha vida, mas estou tentando, entender o tempo tem a ver com nos entender e nos entendendo encontramos deus. Assim penso eu. Raduan Nassar tem me ajudado nesse processo, já que palavras e pensamentos nos dão o suporte. Em breve divido aqui algumas de suas belas e profundas palavras. Por ora so consigo contemplar as chuvas que vem e passam e esse coro enorme de cigarras que todas as noites invade minha casa na cidade maravilhosa, nesse país tropical.
28 agosto, 2009
Há um vilarejo ali
São os caminhos da vida e sua simplicidade e grandeza. Esse lugar combina comigo por isso, é simples, bem simples, mas cheio de janelas para entrar a luz do sol, com ar fresco e novo.O pouso pro repouso do recomeçar.
Quero isso da vida: frutas doces que caem do pé de surpresa na nossa mão, caminhar por caminhos impulsionados pela minha alma, respirando o bom vento e olhando a frente de tudo e todas as convenções, cabendo nelas sempre, e sempre com a minha reserva de esperança de que o céu sempre será mais poderoso que meus pés.
22 agosto, 2009
Infancia
Isso me faz entender tanta coisa.
18 agosto, 2009
Regressar
Na chegada champagne, amor, amigas, mãe, pai, família e um bebe lindo que sorri com rosto inteiro e esfrega a cabeça na minha barriga às gargalhadas, é Gabriel meu sobrinho. É bom regressar e é bom saber que meu canto é sob o sol e o amor. Obrigada queridos.
14 agosto, 2009
03 agosto, 2009
A mudança
Na música de um post abaixo diz: Sabe espantar o tédio, cortar cabelo e nadar no mar...
Não cortei cabelo (esse quero deixar bem grande no momento) mas furei o nariz! Após pesquisar e confirmar de que o buraco fica absolutamente discreto, que após um tempo (até cicatrizar)posso usar o piercing como um brinco que tiro e coloco quando quero e que se eu tirar ele antes desse tempo ele fecha em uma hora, fui lá e pum!
Queria deixar algo marcado em mim do meu lado de fora ao deixar Londres e não faria outra tatuagem, o brinco poderei tirar e por quando eu quiser, assim como voltarei aqui sempre que der.
Foi um choque no princípio, a cara muda um bucado, e é forte, até porque meu nariz é a coisa mais forte no meu rosto mesmo sem brinco.
Como não poderia deixar de ser furei segurando a mão do Leo. Como em tudo aqui, juntos. E pronto! Chego em Minas não só com uma alma modificada mas também com a aparência e confesso que, passado o choque, estou achando lindo, um acessório e tanto, cheio de personalidade e estilo, e tudo a ver comigo!
É bom mudar.
01 agosto, 2009
Sutil
...
O reencontro com o pai, o reconhecimento da face, quando ele está morto. O obrigado que os japoneses muitas vezes dizem em silêncio, o sutil ritual de passar objetos e curvar-se em respeito uns aos outros
E a descoberta: A morte é apenas um portão, ele, o personagem principal, prepara as pessoas para o seu novo nascimento.
Outra descoberta: Quando não se sabia escrever as pessoas entregavam uma pedra para os que amavam, e esse observando o tamanho, a textura e o peso, entendia qual era o sentimento.
Garcia Marquez já havia me contato que as coisas eram apontadas com o dedo quando ainda não tinham nome e agora descubro que uma pedra pode ser muito mais que uma forma.
Essa manhã assistimos "A Partida", filme japônes, ganhador do oscar esse ano.
Pura delicadeza.
27 julho, 2009
Lispa
Fazemos teatro, então gostamos do ritual. E como não poderia deixar de ser a despedida da minha turma, no dia em que recebemos o diploma, foi feita com um belíssimo ritual, que os meninos da turma que sucede a nossa preparou. Além de massagens, frutas, de me jogar de uma altura de costas para ser carregada por eles, fiquei com meus colegas de turma, amigos, na beira do canal que tem na escola. Ali começou a chover, chover muito, e a chuva caiu quando os meninos do primeiro ano cantavam "aproveite a chuva", em mais uma dessas sincronias loucas da gente com a natureza. A chuva caia, caia, estávamos com venda nos olhos. Quando recebi uma flor, tirei a venda, e vi todos aqueles que nos ofertavam o ritual a fazer um dos 20 movimentos que aprendemos na escola, o mais bonito deles, o de remar. Joguei a flor no canal, jogamos. A chuva se confundia com as lágrimas, já não as distinguia mais. A paz era profunda. Nessa escola entrei dentro de mim, e me vi. Hoje tenho os mesmos fantasmas, mas dialogo com eles, a gente conversa. Na busca da artista que sou me vi ali, a mulher que sou, ou tenho sido, o que carrego comigo e o que levarei de agora.
Repito palavras de colegas "a mais intensa experiência da minha vida", e arrisco dizer a mais bela.
Por Marisa
26 julho, 2009
O gesto e a delicadeza
Rosa
Fantasmas
De repente esses fantasmas são fantasmas de mim, vestidos de outras pessoas. Tenho sonhado muito com crianças também, eu, segurando um bebê pesado. Essa noite sonhei com uma criança que só conheço por fotos, e era ela mesma, esperta, inteligente e alegre. Como não a conheço pessoalmente não sei se essa é sua verdadeira personalidade, talvez seja mais uma vez um lado meu ou que queria ser sendo fantasma. Sonhei também que arrancava cacos de vidro do meu pé, e era só eu quem poderia fazer, repleta de aflição os arrancava da carne aberta, em diferentes pontos do meu pé, doía e em segundos todos os buracos estavam fechados, com pequenas marcas que por certo em breve desapareceriam, a dor também sumiu.
E acordo sempre com essa sensação de uma tristeza alegre. Talvez frutos de quem anda vendo fantasmas ou de quem em breve vai encher as malas, rumo à sua casa, ao lugar que nasceu e em que primeiro sentiu cheiros e viu cores, para começar do zero.
Talvez aí os fantasmas e as crianças ganhem novas formas, mas eles estão aqui, nos meus sonhos, e sabe se deus se de fato me visitam. De toda forma são bons fantasmas. Sempre alguém querido, ou que ama meu marido de forma profunda, ou simplesmente uma criança de cachos dourados alegre e falante que alegra meu sonho sempre cheio de escadas e mar. Mais uma vez me pergunto, serão eles desculpas e farsas de mim, ou serão eles realmente fantasmas? E onde será que tudo isso se encontra.
24 julho, 2009
O deus
21 julho, 2009
O sapato e o tempo
Hoje sentei em meio a sapatos velhos. E a vontade era de chorar.
20 julho, 2009
...
10 julho, 2009
O redondo
Há dois anos (quase) vim para Londres. Na mesma época em que criei essa cidade redonda recebi também o convite de vir estudar teatro aqui. A cidade nascia no momento em que a minha própria vida girava, girava ruma ao desconhecido e esse desconhecido foi um mar profundo em que mergulhei até o último fio de cabelo. Moro em Londres mas morei mesmo foi na Lispa, minha escola, pela qual tive que dedicar todos os dias da semana, muitas horas por dia, sendo parte enorme da minha vida.
Foi então que adentrei "florestas, subi montanhas, atravessei rios, vi o por do sol no desertos". Ainda me lembro de um exercício em que a única imagem em que tinha a minha frente era uma enorme árvore da qual fazia parte, e que eu a subia num folêgo só querendo devorá-la pela raiz.
Sim essa sou. Uma devoradora de tudo, sagaz pelas alturas, ansiosa, agitada, mas sobretudo querendo atravessar a terra para comer pela raiz. E esses dois anos de Londres, e, mais que tudo, de Lispa me mostraram isso.
Ontem foi o dia de eu concluir parte importante dessa jornada e foi aí que voltei à cidade. A cidade redonda, aquela que nascia junto com o início dessa viagem. E dei lhe vida, e dei vida aos personagens, apresentando a como meu projeto final na escola. Enchi o palco de simbolismos para cada casa de cada habitante, e narrei os momentos em que ainda a palavra se faz importante.
Foi lindo.
As pessoas adoraram, me abraçaram, se emocionaram. E recebi o último retorno dos professores que elogiaram muitíssimo o texto, as metáforas e muito a minha presença em cena, com ressalvas para o meio da cena, das quais eu tinha plena consciência, afinal, esse é um projeto para ser desenvolvido.
Os três personagens ganharam vida pelas mãos de atores que possuíam grande parte da metáfora que encenavam, como se eu houvesse escrito para eles. E quem sabe não foi...
Acho que não entendemos tanto o quanto giramos e aonde paramos, mas sei que sim, sempre voltamos para começar de novo.
Então, foi lá que comecei algo, na cidade redonda que escrevia e fecho a ponta do círculo a vendo viva e linda no palco, acolhida com amor pela platéia. E agora...
Por ora estou deixando que ela gire assim, em sua velocidade calma, sei que é hora de recomeçar de novo.
30 junho, 2009
Luto
Delícia
Enjoy it!
28 junho, 2009
Mulheres e a chuva
Ríamos não se sabe se de correr, não se sabe se do calor, ou se dos nossos cabelos escorridos na cara e o pés ensopados pelas poças que písavamos euforicamente, correndo e rindo, no calor de 25 graus em Londres tiramos a blusa ficando com o top ou sutiã que usávamos por baixo, dançando, rindo. Lembrei me do ensaio sobre a cegueira do Saramago, o momento em que as mulheres se banham na chuva. Acho que com nossa alegria conseguimos ontem chegar bem perto de sua poesia. Sem dúvida carregarei essa imagem comigo, a do sorriso delas, das gargalhadas, de nós ensopadas. Somente nós no pátio da escola. Nós e a chuva.
17 junho, 2009
O Porquê
"No sabado um casal de amigos meus vieram da Alemanha com suas duas filhas ver nossa apresentação, uma delas é médica e após a apresentação ela parecia triste e calada, logo pensei, ai meu deus, será que a apresentação foi assim tão ruim. Chegando em casa notei que ela foi conversar com a mãe por uns minutos e aí comecei a ficar ainda mais ansioso com essa situação. Até que na mesa do jantar ela decidiu falar comigo, e começou 'Thomas, estou bem pensativa e um pouco triste, e é por causa de hoje a noite', aí gelei, ai meu deus! Foi então que ela continuou 'na minha profissão acho que as vezes as coisas ficam tão secas e frias e hoje me emocionou profundamente ver pessoas tão vivas, a partir de agora percebo que se eu conseguir levar metade dessa vivacidade para meu ofício de médica já estou feliz.' Então divido isso com vocês, porque talvez vocês não saibam a dimensão do que afetam na vida das pessoas, não importa sobre o quê estejam falando ali, mas principalmente pela forma que o fazem".
14 junho, 2009
Armas de Jorge
E nesse seguir da vida só peço que as energias se renovem, e que os inimigos que não tenho não se criem por si só, de forma independente, e que não existam inimigos que residem em nós, nossos medos, nossa insegurança, nossa incerteza, e que eles não tenham força jamais. Que a energia da generosidade sempre prevaleça sobre a do individualismo e que nossa força prevaleça sobre nosso pânico. E salve Jorge!
Hoje meu coração vai ao Brasil e apresentamos uma cena linda que trabalhamos com muito amor, não sei se é a melhor que já fiz, mas sem dúvida a melhor que deu pra fazer.
E Salve Jorge!!!!
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por nós.
03 junho, 2009
Para meu avô Napoleão
Então tivemos um hiato no tempo. Cresci sem você. Seu amor por uma outra pessoa não foi compátivel com a harmonia e o amor de sua família, são as escolhas da vida.
Passei 8 anos sem lhe ver. Quando nos encontramos no meu aniversário de 18 anos fomos juntos almoçar, e jamais me esquecerei do seu olhar ao dizer me espantado, "18 anos?!! Meu Deus! E eu não lhe vir crescer...você era tão apegada a mim quando criança!" Isso seguido de um silêncio.
Sim vô, isso doeu, mas confortou pois ali estávamos novamente.
A semente da discórdia se afastou depois de um tempo. Mas não sem antes deixar seu rastro. Muitas cartas foram divulgadas, a intimidade de tias lindas e amadas escancaradas, atos cruéis foram feitos de forma inexplicável, mas seus três filhos permaneceram unidos, por amor e por amizade, e aos poucos se uniram ainda mais a você. Recuperando o folêgo de longos anos de uma discórdia semeada por alguém de fora, um alienigena, a quem o senhor chamou companheira.
Então o vento sacudiu a poeira, e de repente a relação da discórdia desaparecia aos poucos, ainda que em vultos as vezes aparecendo por sua casa e em sua conta bancária.
Mas então pude assistir a Kieslowski com você e ver te emocionar com a trilha do filme tantas vezes já ouvida. Te apresentei o amor da minha vida, Leo. Te vi na primeira fila do teatro na minha noite de estréia e ouvi da sua sábia boca, que havia encontrado meu caminho.
Vi um pai carinhoso com o filho, chamando-lhe de filhinho e a bater palmas de excitação ao ver-me.
Sei dos seus filmes catalogados, da sua organização extrema, do seu mundo, do seu canto e da sua solidão.
Então o vento da discórdia soprou mais uma vez. Sorrateiro como só ele pode ser. O "Deus" da manipulação e da cegueira. Onde tudo ganha carga dramática pesada. E você está aí, fora da sua casa. Seus filmes raros e catalogados ainda lá estão no seu canto, no canto que recentemente você disse que só sairia de lá morto.
Vivo está, mas sem dúvida com uma velhice que será acelerada depois disso. Sei dos que estão colocando amor em tudo isso, e é nisso que aposto Vô.
Em breve morarei no Rio e espero ver todas suas coisas no canto que será escolhido para você.
E lá sentaremos todos juntos, nós, seus netos, seus bisnetos e seus três filhos. Fazendo firme barreira para o vento da discórdia que em dramáticas palavras egoístas, cartas, emails e maldades se faz sentir. A ele não sinto nem estremeço. E assim sigamos todos nós, esses que, sim, são parte de ti.
Espero que tenha tido tempo de pôr sua gaita na bolsa.
Te amo meu avô e em breve estou aí.
01 junho, 2009
A volta que o tempo me deu
Minha sogra deixou aqui em casa uma mala para que eu colocasse coisas que ela já pudesse levar pra lá, e ao tirar os livros das estantes e os casacos do armário uma sensação de certeza do tempo se fez muito forte em meu coração. Olhar pro Grande Sertão Veredas que estava lendo lentamente e pensar, não terei tempo de ler isso aqui, terá que ser no Brasil, foi bem forte.
Pouco mais de um mês. De um mês bem intenso de trabalho. E então regressamos. Sinto aperto, porque esse rito de passagem que é a vida precisa nos apertar o peito, mas sinto sim uma alegria enorme de voltar para casa.
11 maio, 2009
10 maio, 2009
Sabedoria do poeta
"...Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se
permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos..."
(Pablo Neruda)
SunDay
09 maio, 2009
Culpa
Hoje meu pai viajaria para Roma. É meia noite, o voo é às 6 da manhã. Ele quer desistir, perder a passagem e a diária de hotel já paga. Mas também não sabe. Qualquer que seja a escolha não será sem remorso. Mas será a escolha.
A pílula azul ou a vermelha? Saiba das consequências de cada uma delas.
Pais e filhos. Seres humanos.
Sabemos tanto de nós e ainda assim nos perdemos em nossos enganos, nos perdamos nesse jogo rídiculo que são as tão simples e patéticas escolhas da vida. Tudo simples, porque tudo começa e se encerra na nossa mente. Só lá. Só cá.
29 abril, 2009
25 abril, 2009
O Clown
"Como parte da humanidade todos nós temos um grande problema em comum: nós vamos morrer, um dia, mais cedo ou mais tarde. Temos também uma capacidade que pode se tornar um grande problema: somos conscientes de nós mesmos o que significa que podemos pensar de forma abstrata e saber como as coisas poderiam ser. Então temos o conceito de perfeição, ordem e sucesso. Nós também sabemos que a maioria dessas coisas nunca vão acontecer, então estamos restringidos pelas limitações da vida. Portanto a perfeição é mais um mito, um ponto de referência. Nós podemos tanto tomar isso negativamente e nos revoltarmos e brigarmos contra os deuses, no Teatro chamamos isso Tragédia. Ou podemos cair e rir disso. A sabedoria do clown é saber cair e aceitar. É uma resposta profunda para o maior problema da morte em todos os seus sentidos. É por isso que o Clown existe. Trata-se de alguém que assume suas próprias limitações, suas tragédias, suas contradições, estupidez,inocência, vulnerabilidade, a dor e suas feridas. E conscientemente brinca com elas. Logo o uso do Clown é para processar com humor a tragédia da vida.
Para mim é essa a essência porque no final nós temos que morrer. Nós teremos problemas, nós teremos dificuldades, é norma, trata-se da vida. A vida é conflito e enganos e algumas feridas são irreversíveis. Nós todos viemos de famílias bem disfuncionais- a maioria das pessoas, e quando percebemos isso você pode dizer 'Oh merda e se eu tivesse um pai melhor, uma mãe melhor!'. Esse é o herói trágico, o ' Oh meu Deus minha vida é uma desgraça porque não aproveitei o suficiente dela!'. Então você pode ser miserável pelo resto da sua vida, e morrer triste e sentido. Ou, e isso é o que o Clown faz, dizer 'Okay, bom, isso é o que aconteceu' e assumi-lo completamente e eventualmente rir disso, e de repente você pode estar vivendo mais feliz com suas feridas que se tornarão cicatrizes e que você pode então pintá-las. Elas nunca vão embora mas transformaram-se em algo maior.
Existe uma profunda verdade nisso: em um nível psicológico as feridas nunca desaparecerão, o que poderia ser nunca será, as cicatrizes permanecem. O herói trágico se mata por essa dor, o Clown dança com ela. E para mim essa é a maior lição do Clown, curar não é tirar a ferida, mas transformá-la, não se trata de remover a cicatriz mas sim de pintá-la. O Clown dança com a ferida. Você não pode mudar sua história, mas pode transforma-la e aproveitá-la. Eu acho que devemos ir ainda além da esperança: o Clown manifesta sua beleza no momento presente. Vida é além esperança. Sim é. Este é o caminho do Clown: fé e comprometimento, fé e comprometimento, e falha, e falha, e deixar que se vá, com prazer, e isso traz mais fé e cometimento, mais e mais numa necessidade profunda".
Giovanni Fusseti
23 abril, 2009
A última classe com Thomas
E tem sido uma viagem profunda e bela, e sentida, assim como fechar seu ciclo. A primeira ponta já se soltou para ser amarrada logo ali, bem perto, e para ficar assim amarrada, fechada, guardada, como ele mesmo disse em sua última aula pelos próximos 30, 60 ou quiçá 100 anos. Referia-se nesse momento ao clown, ao nariz vermelho. Não tivemos até então clown com ele, só com outros dois professores. Mas ele quis encerrar com uma aula de clown. E nos disse no começo:
"Comecei com o nascimento da máscara neutra, e terminarei com a morte do clown."
Sim. Ninguém morreu. Todos sempre nascendo e morrendo. Nos esbofetiamos na cara sem sentir dor (morrendo de rir na verdade) e no final nos atiramos na parede, e morremos. Mas como clown morremos tentando fazer daquele momento o mais alegre, engraçado e delicioso possível para os que ali nos viam falecer.
É a resignação de nós pelo que está ali na frente de nós. É além de nós. Ele nos disse:
Na sua vida daqui pra diante sempre se questione. Quando ali estiver, no palco, fazendo aquilo pra pessoas que você sequer conhece. Porque? Por mim? Por eles? Por nós? Por dinheiro, claro. Mas o que mais?
Ao ver o vídeo sobre a escola no novo site eu lhe escrevi algumas palavras. E acho que elas cabem aqui, eu lhe disse entre outras coisas:
"Agora creio em tantas coisas que fica dificil por em palavras. Não se trata apenas de um senso mais apurado de teatro, de ser agora uma atriz mais instrumentalizada, se isso fosse apenas, seria mais do que suficiente. Mas é muito além, é além de mim mesma. Hoje olho para o céu e sei que faço parte dele. "
Obrigada.
21 abril, 2009
A idéia de mim
O Thomas me chamou de volta à cena, disse que meu nome não é Joana. Sim, pois era quase como se eu dissesse Julieta, sons tão parecidos, pessoas me chamam assim na escola porque nos confundem. Forçou me a achar outro, achei e não me convenci.
Ai como me sinto estagnada em minhas travas, eu, que tanto amo jogar me, travei me.
Presa em mim. Somente na idéia.
12 abril, 2009
Renovação
Uma das primeiras coisas que vi foi um enorme cartão na mesa do café da manhã, com uma linda declaração de amor do meu marido, que me presenteou durante todo o dia, surpreendendo com alguns em cima da cama, outros embaixo e fazendo do dia mais que especial e divertido.
Meus irmãos e meus pais mais uma vez manifestaram seu amor e quantas palavras belas de tantos amigos.Uma delas mesmo me encontrando de manhã e a noite, enviou me diferentes mensagens declarando seu carinho e os votos de um dia bonito para mim.
A noite muita dança aqui em Londres, e caipirinha e pão de queijo, com alguns colegas de sala.
Um anjo de porcelana de uma amiga especial, e uma carta belíssima de um amigo do coração.
Foi um dia chuvoso, calmo, sereno, e muito, muito alegre. Repleto de amor. Sinto me renovada. Mais velha sim, renovada pela idade. Aliviada pelo ciclo que se fecha, feliz e radiante pelas cores que me cercam.
08 abril, 2009
A resposta. Em lágrimas.
Sou o que sou por causa deles, e basta ler o comentário no post Nariz Vermelho e ver que é de uma mãe falando pra uma filha. E mais do que isso, uma mãe que entende perfeitamente a profissão e a busca dessa filha, respeita, adimira, incentiva e sabe do que está falando. Porque eu só sou o que sou por conta do que eles são, então estamos em casa.
Obrigada Haroldo e Izabel, por me fazer assim lágrimas, riso e palco. E, principalmente, por eu saber hoje que vocês sabem exatamente quem eu sou ( e me respeitam lindamente), sou o resultado de vocês.
05 abril, 2009
O Homem
O Homem Lúcido
"O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo
Pode também o Homem Lúcido optar pela vida
Aí então ...
Ele esgotará todas as suas possibilidadades
Ele passeará pelo seu campo aberto pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturaise em idade avançada
cercado pelos seus filhos e pelos seus netos que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido uma aura de bondade
Dir-se a:-Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com Os Homens Lúcidos"
04 abril, 2009
O Nariz vermelho
Já na cochia decidi brincar com meu desespero, deixando vir todo o medo, todo o tremor, todos os gritos. Pela primeira vez na vida dei sinal positivo para todas essas coisas, achei que esse seria o caminho.
Se quisesse poderia me colocar ali, aparentemente calma, pés enraizados, coluna ereta olhos serenos. Mas se era pra ser ridículo decidi arriscar o não censurar meu corpo e aquela ansiedade. A primeira reação foi pisar pra trás. Foi curvar o corpo, foi soltar grunidos, foi querer chorar. Até a professora dizer: Aceite.
Foi então que olhei pra aqueles olhos sérios a me olhar em tão ridícula roupa, olhei bem fundo e fiquei ali.
Ela disse, converse conosco em sua lingua, fale em francês.
E foi aí que por uns dez minutos falei e cantei em francês, em uma fluência inacreditavel e non sense, dando conta de amolecer alguns olhos duros, forjar alguns sorrisos, até então inexistentes, e em alguns momentos até algumas gargalhadas, o francês saiu fluente e sem sentido, e me diverti. Me diverti muito, comigo mesma, numa estupidez sem fim. Foi sem pensar. E só senti quando finalmente saí de cena, mas como se tivesse havido um hiato no tempo, uma suspensão em que simplesmente falei todas as bobas palavras em francês que conheço sem saber nem quê nem porquê e sem precisar de tais elementos.
Mas não sei se quero ser palhaço.
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02 abril, 2009
A ligação
Minha irmã Branca deu seu celular a meu sobrinho de 7 meses. Isso porque ele adora brincar com seu telefone. De repente ele foi até a agenda, selecionou um nome e ligou. Quando Branca viu que o celular realmente ligava para alguém tirou o aparelho das mãos do meu sobrinho. E olhou para o nome que piscava na tela a chamar: Julieta.
Resolveu falar com a tia que mora longe e que ele só viu poucas vezes, quando seus olhos ainda não separavam sombras de luzes. Mas tenho certeza que ele se lembra do dia em que estávamos a sós no quarto e que eu lhe disse um punhado de coisas, como se ele pudesse entender cada palavra de amor. Fiz isso como uma adulta louca, que acredita que em algum lugar daquela mente tão limpa iria chegar a minha mensagem.
Eis o resultado. Assim que teve em suas mãos um telefone decidiu me ligar pra dizer Oi!
Branca devia ter deixado completar a ligação.
Ela mesma disse: De todas as pessoas da minha agenda, ele escolheu você!
Claro! A vida é assim, podia dizer que foi só coincidencia o meu nome ter estado lá e para por aí. Mas o que é bom é que as coincidências da vida tem uma explicação profunda e pessoal. Encontre a sua.
Eu respondo de cá:
Te amooooo Biel! Muito. E, Alô!
01 abril, 2009
Na hora de dormir
Distraída agregava ainda mais sorte para sua noite, e para o dia que nascia e a abençoava.
28 março, 2009
A chuva
27 março, 2009
O sonho da cachoeira
Até que vi um pequeno menino de cabelos castanhos. Uma criança linda. Não consigo agora me lembrar do seu rosto. Ele subia nas pedras e mergulhava nas águas.
Quando um sentimento tão forte, tão forte, me veio de súbito. Era o Leonardo que estava logo a frente do menino que se deliciava nas águas da cachoeira.
E eu disse para minha mãe: Achei! Achei o homem com quem eu quero ter um filho. Falei isso com coração e alma, em um sentimento que ainda agora sinto.
Não sei porque sonhei isso. Nem quero saber. Mas acordei com o seu despertador Leo. Você acordando ao meu lado para ir trabalhar. Que bom que te encontrei.
24 março, 2009
As vezes me sinto assim
Ricardo Reis ( Fernando Pessoa)
22 março, 2009
18 março, 2009
Margaridas
Quem é que explica a Primavera? E quem ainda duvida da força da natureza? E quem ainda se pergunta qual a medida que fazemos parte dela? As margaridas amarelas que simples e naturalmente se "esticam" ao sol respondem e é uma resposta cheia de mistérios gostosos, porque ainda que a ciência me explique o fênomeno de seu brotar jamais tocará no que significa o ato de abrir a janela e lá estão elas. A ciência traz as lógicas mas nunca os porquês, ainda bem. Nada melhor que sentir e ser surpreendidos por flores amarelas num dia de sol.
16 março, 2009
Domingo de sol
Ao chegar o que me provou que eu estava no endereço certo foi a multidão de pessoas a se espalhar pela avenida central, pelas ruelas, por todos os cantos, todos sem excessão a carregar flores.
A rua foi tomada pelo som da sanfona tocada pelo homem de chapéu furado e pequeno cachorro ao lado. Para banhar se ao sol as pessoas se espalharam pelas calçadas e pelas ruas.
E pelos caminhos e pelos parques o que mais se via, além do sol e do céu e das flores, era gente. Crianças soltas a correr, engatinhando na grama, circo e alegria.
Essa é grande graça do inverno longo e deve ser por isso e pra isso que a natureza o inventou por essas bandas, para que possamos sentir a primavera chegar. A alegria dos contrastes vem sempre com grandes cores, e esse equilíbrio louco é que nos faz sempre repletos de esperança.
Comprei tulipas e um pequeno pé de tomate.
10 março, 2009
Colheita
E nunca tais palavras fizeram tamanho sentido. Não que não viva agora, porque deus meu como vivo. Mas está se encerrando o período de semear certas coisas, um marco no tempo da minha estrada, aquele que anuncia não tão longe a farta colheita.
Obrigada Alice.
O tempo
09 março, 2009
8 de Março
Feliz 8 de Março a nós todas, ainda que hoje seja já o 9, porque na verdade o dia é só o simbolo de algo muito maior. Leiam o Saramago que fortemente recomendo.
07 março, 2009
6 meses
04 março, 2009
Confissão
Ainda lembro de mim sentada em frente ao altar em uma igreja em Belo Horizonte, tantas imagens a me olharem e eu nada conseguia pedir. Isso foi no tempo em que ia semanalmente à igreja. Mas só quando ela estava completamente vazia. Escolhia os dias e horários sem missa, em que a igreja estava trancada, janelas cerradas. Pela sacristia eu pedia a chave e eles me davam. No silêncio daquele templo meditava e agradecia. Tinha meus 19. E a igreja era daquelas enormes, com muitos bancos e vitrais. Ainda me lembro que minhas orações eram voltadas muitas vezes para as imagens das janelas,por onde entrava o sol.
No dia em que decidi não fazer primeira comunhão desci para o jardim dessa igreja, o sino tocava e me lembro como se fosse hoje, apesar de ter apenas 10 anos de idade, lembro-me de que conversei com Deus, "Me perdoa, quero conversar com você do meu jeito".
E assim foi.E assim tem sido.
Hoje eu e Leo tivemos um dia lindo. Andamos por Londres, passeamos. Uma neve caiu do céu em uma tarde de sol. Sim tudo isso ao mesmo tempo. O sol e a neve. Descobri que já reconheço a textura da neve quando cai em meus ombros. Até outro dia só conhecia a textura da chuva e o calor do sol.
Agora também conheço a neve. E as vezes consigo vê-la como simples e sutis toques de fada a me acariciar, a molhar os olhos. Em sua brancura fria vejo também um pouco de Deus, e agradeço.
01 março, 2009
Paz Vermelha
A imensidão da vida esta ali, aqui, no calor dos corpos silenciosos que se enconstam. E a energia que os circunda é tão grande que a paz é pintada em cores quentes e vibrantes, não mais somente no branco da tranquilidade. Nesse calor a paz é ainda maior e por isso consegue ser uma paz vibrante, paz absoluta, aquela paz que só o amor é capaz de dar.
Tivesse todo o mundo esse calor. Ninguém teria a disposição de mudar de habitat que não a cama em que os corpos se encostam, e ao invés de violentá-los seria sempre o sutil tocar. Esse tocar que você me traz e que vem com a certeza de que nada vida é tão necessário quanto isso.
22 fevereiro, 2009
O Amarelo
O amarelo foi tão presente naquele dia, que desde então faz sol nessa cidade em que outro dia mesmo o branco imperou. Faz sol e está quente, como talvez peça o amarelo. Soubesse eu o que realmente representa tantas combinancias do universo, encontradas em uma simples rotina doméstica, soubesse eu o que é o amarelo! Se o soubesse não o conseguiria escrever.
18 fevereiro, 2009
Flores
Flores felizes acompanhadas de bilhete enfeitado de amor. Sem meu abraço físico pois estarei ensaiando, mas se observares bem verás a garrafa de vinho escondida por entre os potes em cima da geladeira já preparada para o jantar a dois.
A alegria é assim, sua ausência aguça sua presença, e nada melhor do que esse fluir louco da vida que mata os medos, que enfrenta a solidão, que atravessa o oceano para peitar as oportunidades e que traz como resultado sempre e tão somente Flores, e dessa vez elas vieram amarelas da cor do sol.
15 fevereiro, 2009
Inútil Ansiedade do Pensar
Guimarães Rosa, "Grande Sertão Veredas"
É... não perguntemos tanto o que será.
Eu não faço idéia, só sei que será bom e na exata dimensão do meu (nosso, porque ando acompanhada) Desejo.
Fútil necessário
E quanto a Paris...voltarei em breve!!!
13 fevereiro, 2009
Comendo outros animais
Haja visto o que se faz com outros seres humanos nesse mundo imenso e muitas vezes cruel, não seria de espantar torturas e outras mazelas a animais.
Pra finalizar só quero enfatizar que não tenho ABSOLUTAMENTE nada contra quem come carne, de forma alguma, nem quero aqui levantar bandeira "paremos de comer os bichos", nada disso. Cada qual com sua escolha. Não gosto de levantar bandeiras, gosto de propor pensamentos...
Vai lá no Saramago...
http://caderno.josesaramago.org/
10 fevereiro, 2009
Cresce cresce e crescendo
Meditar, respirar, tomar o tempo que tem para fazer o que àquele tempo cabe. Perceber os silêncios quase inexistentes em uma alma barulhenta que diz ininterruptamente aos que queiram escutar.
Estar só para mim foi engrandecedor, foi dor. Estar só foi aprender a apostar todas as fichas em mim mesma, e assegurar que os resultados positivos ou não serão sempre os meus resultados. A continuar a crer na vida, em mim e no meu amor. Aprendi sobre o amor, reafirmei o meu pelo Leo, e vi sua imensa vastidão. Descobri que ele é maior que o mundo e caminha junto com o amor que carrego comigo por mim mesma. Agora sim, vejo me mulher, mulher do mundo, de mim mesma e daquele a quem dedico meu amor e amizade.
Meu magrelo cheiroso, não há desculpas nem perdas, só recompensas. Prepare-se para esticar mais os braços na hora de me abraçar, estou bem maior.
08 fevereiro, 2009
Detalhes de nós dois
01 fevereiro, 2009
A Neve!!!!
Ao sair do ensaio Deus decorou a invernal London com uma neve branca,de uma forma que eu nunca tinha visto. Andava deixando minhas pegadas e tentando não deslizar no gelo que derretia no asfalto. Os sutis flocos brancos multiplicaram-se em incontáveis, inumeráveis. Realmente nevava.
E foi lindo. Tudo branco. Tudo branco. Uma imensidão branca em contraste com o verde, o cinza e todas as cores. Hoje predominou o branco, e como foi bonito...
29 janeiro, 2009
28 janeiro, 2009
Grito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Do seu pijama, do seu cheiro, do seu calor, do seu café da manhã, do seus olhos pequenos olhando ao infinito piscando sem parar.
Sinto falta de você a organizar suas coisas, de observa-lo em silêncio. De me ajudar nos nós dos meus processos criativos, de me dar seu peito que tão perfeitamente encaixa minha cabeça.
Amor, eu to morrendo de saudade! E a minha vontade era gritar todos os palavrões do mundo na tentativa de descrêve-la. Mas nem assim seria suficiente.
Amor, estou morrendo de saudade!!! Morrendo.
27 janeiro, 2009
Nascer
Isso muito me tocou. Primeiro porque tenho incrível resistência em dizer que nasci em Londres. Talvez prefira dizer que a Inglaterra me fez mais brasileira e assim sendo renasci no calor do Rio de Janeiro, como história repetida contada sobre um diferente ângulo, eu mesma da mesma linda mistura, na mesma cidade maravilhosa, mas sob vista diferente. Eu mesma do mesmo porto, vista pelo avesso.
Ou dizer que não somente nasci em Londres porque ele me fez maior, mas também no Lispa. Mais uma vez no palco. Lá. Aqui. Sim.
O nascer e renascer em mim mesma, naquele lugar. Que sempre será o Rio de Janeiro, que sempre será o palco e o colo dos meus pais, com o calor dos meus amigos e irmãos e o aconchego do Leo. Essa sou eu. A brasileira que se fez mais do que isso em uma terra distante, terra essa que por não dizer tanto de mim, mostrou-me tudo que era preciso para entender-me, por ora. Isso é sempre finito porque o não entender-se será sempre infinito. Guimarães Rosa muito tem me alertado sobre isso, mudamos a todo tempo!
Mas o que carregamos, carregamos.
25 janeiro, 2009
Peça
Consigo por no papel todas as idéias, e é bonito. As palavras são bonitas. O desafio é dramaturgico mesmo. Mas se lá falo do cá, se lá falo da nossa pressa, é hora de entender que nem tudo gira como a cidade que descrevo, muitas vezes as coisas vão em linha reta para depois se curvar. Preciso olhar para a parte de mim que, parada, pensa.E joga flores no caminho.
Em breve, divido a peça. E aí entenderão essas palavras. Fica por ora o gostinho da curiosidade. Aqui divido segredos, e as vezes eles precisam vir segredados. Quer coisa melhor que você entender por si próprio, por sua própria adivinhação?
23 janeiro, 2009
!!!!!
22 janeiro, 2009
Hoje eu acordei
Solitude
Um simples e inofensivo inseto fez ecoar minha solidão enquanto cozinhava meu jantar.
Um simples e inofensivo inseto pousou ao meu lado no fogão e não poderíamos continuar lado a lado, mas tão menos poderia eu matá-lo, encostá-lo.
Olhei para os lados não havia ninguém. E esse não é o problema. Não havia ninguém e principalmente não haveria ninguém pelas próximas infinitas e longas 100 horas.
Um simples inseto e o fato de eu não querer que convivessemos trouxe a tona a força do estar sozinho.
Deixe-o estar lá. Na cozinha. Posso me virar, mas ser só é ser você, e no quesitos insetos e animais terei que me debater no conflito de que não posso matá-los nem quero tocá-los.
Estou só e já não me importo de sentar a mesa somente comigo e meus inúmeros pensamentos, mas queria alguém para matar insetos. Para estar ali, pelo menos, para me passar o chinelo.
18 janeiro, 2009
Sobre o amor
No dia em você foi embora Leo, a casa se tomou de um vazio imenso.A nossa despedida na plataforma do metrô foi uma despedida calma e cheia de esperança, mas foi só virar minhas costas e entrar na plataforma oposta para o retorno pra casa que um vento enorme, vindo do túnel do trem, invadiu o enorme corredor, vazio, num ritmo absoluto de vazio e solidão, ecoado por folhas de papel de um jornal tablóide que voavam entre os bancos.
Então eu senti. Senti quando abri a porta de casa, e tudo era enorme, e tão silencioso. Aquele silêncio que nos confronta com a dor. Chorei. Muito. E como não guardo soluços, gritei.
O dia, que havia amanhecido chuvoso tomou-se por um enorme fog, cinza, totalmente tapado por uma enorme neblina.
Na escola o professor dizia: "No melodrama tudo contribui para o drama do protagonista, a música, o cenário", e lá estava eu em um dia absolutamente cinza, em uma atmosfera de filme de terror, protagonizando minha primeria solidão. E lá estava a natureza, mais uma vez unida a mim, criando o perfeito cenário para o meu drama. Faltou a trilha.
Mas aí você chegou no Rio de Janeiro, na casa do meu avô, que com 93 anos mora sozinho. Não está temporariamente sozinho como eu, ele mora mesmo só.
Meu avô remoçou vinte anos durante os poucos dias da visita, que fez com que ele buscasse livros pela casa, contasse casos, reanimasse seus dizeres biblícos. Nesses dias ele atendia o telefone com certo entusiasmo que me comovia e fazia feliz.
Sim, aí a ficha começou a cair.
Você foi para Belo Horizonte, reviu sua família, e eles puderam te rever. Faz sol aí no Brasil e é calor. Você por ora parece entediado, mas está feliz.
Sim meu amor. Aprendi sobre o amor. Meu avô foi feliz por você estar lá, e outros aí estão feliz em lhe ter. E fico feliz. E sigo tranquila.
Hoje aqui, faz sol.
16 janeiro, 2009
ventilador
A história de uma mulher forte, que marcou um momento da minha vida, no encontro de um personagem, de uma vida real, de um filme cujo processo foi tão bonito e me trouxe tantas, tantas belas pessoas, que só tinha mesmo que voltar.
Dessa vez é a homenagem à Gilse Consenza. Vamos contar sua história na escola. Uma inglesa, duas norte americanas, uma chinesa, uma argentina, uma polonesa e eu e Di, brasileirissímos.
Sim, a história de uma forte mulher brasileira, nossa história sendo contada e sabida por pessoas de tantos cantos do mundo. Uma delícia.
As pessoas nos ensinam muito, e a vida ainda mais. Que bom que essa história voltou para mim, um dia a conto aqui.
Também, na minha solidão, aprendi mais sobre o amor. Mas isso é assunto para outro post.
Sei que esse está um pouco vago, mas no fundo, em seu recheio, tá a mensagem e a reflexão do quanto tudo volta, vai e volta, por isso é bom jogar beleza no ar, porque o vento sempre nos traz de volta.
12 janeiro, 2009
Ensaio sobre a cegueira
E que bom que fui. Comprovei novamente que gosto muito, me toca muito, me diz demais...
Algumas falas ficaram ecoando na minha cabeça...Registro aqui o que tá na memória, traduzido...
O Médico diz para sua mulher: Você está com medo de fechar os olhos? E ela responde: Não, estou com medo de abri-los.
"Eles então choraram não se sabe se de alegria ou se de tristeza, a verdade é que não se distingue uma coisa da outra, elas, como branco e preto, coexistem".
E o homem da venda preta diz: A mim não me interessa como é sua aparência. Nosso nome não é importante, o que importa é o que somos.
O primeiro cego diz à sua esposa:Lembra-se do primeiro ano novo que passamos juntos, estava um frio enorme, e quando chegamos perto dos fogos de artifício somente metade do nosso corpo se aqueceu?
E ela, após alguns dias, responde: Me lembro daquele dia, e de que o frio nada me incomodou.
O médico fica infectado da cegueira e sua esposa, que enxergava, beija seus olhos.
E mais uma vez obrigada Uakti.
08 janeiro, 2009
Foi um dia lindo, ouvir tantas coisas belas, ouvir pessoas dizendo que acreditam num pôr do sol, no ser humano, na mudança, em fantasmas, e em tantas coisas que...não se sabe por onde começar.
É incrível como nós seres humanos somos capazes de coisas tão belas e crueldades tão amargas. Nessa tarde de confissão do crer, só saíram belezas dos corações do que ali estavam. Um colega, o último, desabafou: Eu creio, eu quero crer que tamanha beleza vista hoje aqui seja posta em ação e que tantos desejos belos sejam da mais profunda e sincera verdade. E é por aí.
Eu disse que creio na força do pensamento e no amor, deixei guardado o segredo das fadas.
E você, em quê acredita?
07 janeiro, 2009
Mais carta a Leo
E que você me respondeu sem pensar e com naturalidade: Então vamos para Londres.
Encontramos um Mestrado que unia sua formação com seu gosto e a partir dali você se especializaria, em Londres, em uma area com muitas possibilidades no nosso país. Se especializaria em algo que gerencia cultura, que beneficia a nós feitores diretos de arte e aos outros que devem consumi-la.
Viemos juntos. Minha bolsa foi o que determinou Londres como o destino de um desejo que há muito vinhamos cultivando, pensávamos que seria Paris, mas foi em terras inglesas que desembarcamos. Vivemos a princípio em 20 metros quadrados, e tanto aperto só nos fez ainda mais quentes, mais amorosos. Hoje podemos dizer que vivemos bem, temos uma charmosa casinha, acolhedora como a outra e ainda com a vantagem de acolher amigos, como já o fizemos algumas vezes.
Mas os ciclos aos poucos vão se fechando. E hoje entregaste sua dissertação de Mestrado, fomos juntos levá-la a faculdade, e no canto da página lá estava a dedicatória.
Eu já sabia disso meu amor, e por isso só posso lhe dizer que também vou contigo aonde quer que você vá, esse sempre foi nosso "hino" e essa é só uma das belezas do nosso amor.